Vulcão, eclipse, tudo é neblina na América

Bem marcado, Martinuccio não repetiu atuações anteriores
PEÑAROL 0 x 0 SANTOS
O signo desta final de Libertadores é o da indefinição. Poucas vezes se viu tanto equilíbrio. Em 2009, o empate sem gols entre Estudiantes e Cruzeiro na Argentina é o que temos de mais parecido neste sentido. Se as chances entre Peñarol e Santos se dividiam antes da final em 50% a 50%, o cenário armado para o jogo da volta segue sendo o da paridade de possibilidades. Por mais que o empate obtido no Centenário dê certa cara de encaminhamento à equipe de Muricy Ramalho.

Não se trata de um discurso protocolar. Peñarol e Santos fizeram uma partida extremamente equilibrada no Uruguai, e não acredito em panorama muito diferente para o Pacaembu. Foi um jogo de constante alternância de domínios, craques muito marcados e tentativas de imposição de estilos de futebol diametralmente opostos. Ora a gana incomum dos uruguaios, ora a habilidade técnica dos paulistas, dominavam as ações.

Foi mesmo uma noite onde os homens que podiam fazer a diferença foram vencidos pelas defesas. Neymar até conseguiu produzir mais que Martinuccio, mas sempre recebia a marcação de dois ou três adversários, e não teve parceiros para lhe auxiliar. Elano foi apático, a maior decepção da partida. Zé Eduardo mostrou porque um atacante mediano não pode ter lugar num grupo que almeja o título da América: as duas melhores chances do Santos caíram em seus pés, e aí faltou a qualidade para converter. Claro, sobrou competência para Sosa na principal, um chute rasteiro, defendido pelo arqueiro para escanteio.

O Peñarol, matreiro como sempre, visivelmente guardou-se na primeira metade de cada tempo para dar um sprint violentíssimo nos minutos finais. No segundo tempo isso ficou muito claro: os primeiros 20 minutos da etapa complementar foram totalmente santistas, até mais do que Diego Aguirre esperava. Tanto que Mier, mais uma estrela apagada em Montevidéu, deu lugar a Estoyanoff aos 11 minutos, como forma de mudar o rumo do que o jogo se desenhava. Passado o melhor momento santista no jogo, o Peñarol passou a atacar e pressionar a saída de bola com afinco poucas vezes visto. Parecia um time cansado no começo, mas na verdade poupou forças para quando pretendeu dar o bote. Se Alonso não estivesse pouco à frente da linha da zaga no gol anulado, teria obtido sucesso. Foram várias chances perdidas, muitas em buracos que se abriram de forma surpreendente para uma defesa que com Muricy parecia ter encontrado o caminho da solidez.

Arouca e Durval, pelo Santos, Valdez e Darío Rodríguez, pelo Peñarol, foram os destaques da partida de ida da decisão da Libertadores. Todos jogadores defensivos. Um fiel retrato do que foi o jogo: muito disputado, entreverado, mas cheio de erros de passe e poucas construções ofensivas contundentes. O típico jogo onde as defesas superaram os ataques.

Para a volta, sigo sem arriscar um vencedor. O Santos precisa de vitória simples, mas não tem conseguido mais do que isso em casa nesta Libertadores. O Peñarol, por sua vez, classificou-se sempre como visitante, e na única vez que começou empatando no Centenário venceu longe dele. Não é um time caseiro: construiu sua campanha nesta Copa alternando resultados suficientes em Montevidéu ou outra praça qualquer. Não sente o fator local, e tampouco se impõe em todas as vezes que o tem a seu favor. A paridade desta decisão, repito, poucas vezes se viu. Quem se enganar achando que este empate é meio caminho andado para o time brasileiro corre o risco de queimar a língua. Jogo minhas fichas numa decisão por pênaltis de parar o continente quarta que vem.

Foto: EFE.

Comentários

zeh nascimento disse…
petit entrecot, entrecot pedaçudo, mesa com cinco entrecot.
Chico disse…
Achei a equipe carbonera um pouquinho melhor que o peixe.

Neymar deu uma aula de malabarismo.

Matambre con relleno.
Vicente Fonseca disse…
E nada do Fred mandar as fotos...