Passeio de domingo

Não é nenhum exagero dizer que o Grêmio fez, contra o Ypiranga, sua melhor atuação em 2011 até o momento. Patrolou o adversário, aplicando 5 a 0 com absoluta naturalidade, transformando a partida em um verdadeiro passeio. Fazendo-a, inclusive, parecer mais fácil do que era - já que o Ypiranga pode não ser uma equipe de alta qualidade, mas tem lá os seus recursos e podia perfeitamente ter imposto consideráveis dificuldades. Mas não teve qualquer chance para isso: o Grêmio jogou bem, com seriedade, focado no jogo, e tudo isso resultou em uma atuação segura e muito convincente.
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Os primeiros 45mins foram próximos da perfeição. Todas as peças funcionaram bem, tudo que foi tentado deu certo, e isso refletiu-se com clareza no placar. O meio de campo foi preciso, com destaque para a atuação monstruosa (mais uma) de Fábio Rochemback. As triangulações pelos lados enlouqueciam o sistema defensivo do Ypiranga, enquanto a dupla Borges e André Lima impressionaram pela sintonia. Quando um saía, o outro ficava plantado na área e vice-versa, em uma movimentação que chamou a atenção e teve resultados muito interessantes. O que parecia meio impraticável, funcionou muito bem, ao menos nessa partida - e o Ypiranga pagou o pato, sem conseguir encontrar a equipe gremista em momento algum. Os gols surgiam ao natural, como consequência natural da partida imensamente superior do time gremista - o que não foi muito natural, na verdade, foi não ter saído ainda mais gols no primeiro tempo, já que chances não faltaram.
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No segundo tempo, o ritmo diminuiu de maneira natural. Depois de fazer o quarto gol, logo aos seis minutos, o Grêmio tirou o pé do acelerador, passou a valorizar a bola, administrando as energias em uma tarde de muito calor. Como consequência, o Ypiranga (que, repita-se, não é mau time) cresceu um pouco, foi se aproximando, chegou a ter um gol anulado. Mas era muito pouco, e tarde demais - tanto que o Grêmio, jogando sem pressa nenhuma, ainda faria um quinto gol, por meio do júnior Leandro, que em 15 minutos fez mais que seu xará famoso em toda sua estada no Olímpico. Aliás, eis aí uma coisa a ser considerada: ao invés de expor seus jogadores mais jovens em uma partida decisiva, escalou o melhor time possível (favorecido, é claro, pelo fato de ter jogado contra o Oriente Petrolero em casa) e só botou o guri de 17 anos em campo com a partida já encaminhada. Sem pressão, o rapaz fez grande atuação, com impetuosidade, gol e bola na trave. Mais uma coisa que deu certo, em um dia dos mais felizes para o tricolor.
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Aos poucos, a ideia de time de Renato Portaluppi vai se consolidando. Os dois centroavantes, aparentemente, estão se entrosando, e com isso o 4-4-2 em losango vai se tornando mais viável - ainda que formações como a usada contra o Oriente Petrolero, altamente ofensivas, tenham demonstrado dificuldades. No jogo de hoje, o Grêmio foi quase o mesmo do final de 2010, com Adílson ancorando Fábio Rochemback, Lúcio no meio, Douglas com liberdade para criar. Talvez por isso, por já ser uma fórmula conhecida, tenha funcionado de forma tão positiva. Não dá para dizer que o time com Carlos Alberto e talvez Escudero vá ser a mesma coisa. Nesse sentido, ainda temos um ponto de interrogação. Mas a ótima atuação de hoje fornece bons elementos para análise, e Renato tem demonstrado boa leitura dos jogos, quase sempre mexendo no time para melhor.
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Campeonato Gaúcho 2011 - Taça Piratini
Quartas de final
GRÊMIO 5 X 0 YPIRANGA
Local: Olímpico, Porto Alegre
Árbitro: Vinícius Costa
Auxiliares: Antônio César Domingues Padilha e Rafael da Silva Alves
Público: 11.790 torcedores
Renda: R$ 220.160,00
Gols: André Lima, a 1min e aos 25mins, e Douglas, aos 32mins do primeiro tempo; Borges, aos 6mins, e Leandro, aos 47mins do segundo tempo
Cartão amarelo: Pansera (YPI)
GRÊMIO - Victor (5,5); Gabriel (6,5), Paulão (6), Rodolfo (6) (Mário Fernandes, 3mins do segundo tempo - 5,5) e Gilson (6); Fábio Rochemback (8) (Leandro, 34mins do segundo tempo - 7), Adilson (6,5), Douglas (6,5) (Willian Magrão, 15mins do segundo tempo - 5,5) e Lúcio (7,5); Borges (6,5) e André Lima (7,5). Técnico: Renato Portaluppi (7)
YPIRANGA - Bruno Grassi (5,5); Thiago Gasparino (4,5) (Gilvan, 34mins do segundo tempo - 5), Glauco (5) (João Lima, 23mins do segundo tempo - 5,5), Mateus (5,5) e João Paulo (5); Pansera (6), Emerson (4,5), Saulo (4,5) e Giovani (5,5); Cleiton (5,5) e Elcimar (4) (Sylvestre, intervalo - 5). Técnico: Agenor Piccinin (5)

Comentários

Sancho disse…
O paralelo com o Internacional será na semana que vem. Com uma viagem mais longa e um dia a menos de descanso, diga-se.

Achei que Renato fosse poupar alguns, mas me enganei. No próximo domingo, acredito, isso será inevitável. Porém, vai um time ainda bem forte contra o Cruzeiro. Não acredito em menos de SEIS titulares...
Sancho disse…
Definidos os semifinalistas:

Caxias (19) x (17) São José, Centenário

Grêmio (20) x (12) Cruzeiro, Olímpico

As três maiores forças de Porto Alegre e o "bambambam" de Caxias!
Vicente Fonseca disse…
Grande atuação, lembrou 2010. Quando um guri que nem esse Leandro entra e faz gol é porque a coisa tá certinha.

Só eu acho que o Adilson é titularíssimo e que esse meio com ele fica muito mais equilibrado?

Acho que a grande notícia de hoje, além do nível do futebol do time, é que finalmente a dupla Borges/André Lima funcionou.
Zezinho disse…
Adílson jogou muito hoje, na melhor atuação do time na temporada.

Professor, estou achando que o Renato colocará o Adílson no vértice esquerdo e passará o Carlos ALberto pro direito pra tabelar com o Gabriel.

O Alemão fará a cobertura da tabela Douglas-lateral-esquerdo (Gílson ou Lúcio) e Rocca fará a cobertura de Gabriel-Carlos Alberto.

Acho que Borges e André Lima podem jogar como 1-1: um centroavante plantado como um ponta-de-lança e outro fazendo o pivô na meia-lua da área. No basquete, joga-se, por vezes, com dois pivôs. Um dos centroavantes pode fazer o papel de um pivô de basquete.

Exemplo? Tostão na Seleção de 1970.

Mas, claro, são todas suposições
Mário disse…
Espero que o Renato veja que essa atuação "de gala" (palavras do próprio) passou muito pela presença de dois volantes.

No mais, Rochemback realmente anda impressionando. Acho que é quem mais faz falta quando não joga. Em algumas roubadas de bola, parece um adulto jogando contra uma criança, tamanha a facilidade e a imposição do capitão.
Sancho disse…
Vicente,

Esse é praticamente o time do ano passado. Aquele que já se sabe que funciona (inclusive, sereve para mostrar a seriedade com que encararam o Ypiranga hoje). O Renato está testando outras formações para ver o que dá...
Lourenço disse…
É de se lamentar o fato de o Gauchão ter virado praticamente um citadino, sendo que dois deles nem torcida têm.
Chico disse…
E a Máquina Tricolor patrolou o amarelão de Erexim!
Chico disse…
Melhor jogo do Tricolor na temporada até agora.
Chico disse…
O Imortal mostrou organização tática e jogadas trabalhadas.

André Lima, matador tricolor.