Monstrillo

Montillo, o craque do jogo, em sua comemoração habitual
O primeiro lance do jogo que reprisou a final da Libertadores de 2009 mostrou como seria a partida: chute de Wallyson, desvio em Ré, gol do Cruzeiro. Tudo deu certo para o time mineiro. Mas, muito mais do que a sorte de determinados momentos, a equipe de Cuca desfilou em campo uma atuação que dificilmente será superada por alguém nesta Libertadores. Comandada por Walter Montillo, um camisa 10 que poucos, talvez nenhum, têm.

O Estudiantes entrou num 3-6-1, esquema da moda do futebol argentino, do qual não gosto. Desta vez, porém, a fragilidade desta formatação tática foi levada às últimas consequências. Entendo que normalmente equipes montadas assim não têm poder ofensivo algum. O Estudiantes, além de não agredir nunca o Cruzeiro, mostrou problemas defensivos gravíssimos. A zaga, em linha, era facilmente batida em velocidade. A única jogada vinha quando Verón recuava até a linha da zaga e armava algum ataque. Todos os jogadores estavam distantes uns dos outros. Gastón Fernández, um ermitão no ataque perdido em meio a Gil e ao ótimo estreante Victorino.

Mesmo sofrendo o gol cedo, o Pincha mostrou-se de início centrado, sem sofrer o abalo do choque inicial. Ameaçou controlar o meio-campo e impor uma superioridade tática. Mas isso foi antes de sua fragilidade defensiva ficar exposta à América toda. No primeiro lance em velocidade de Montillo, Roger ampliou. A equipe de Eduardo Berizzo se perdeu completamente. Sorte que o Cruzeiro não forçava muito. Em vez de se atirar para cima, respeitou muito o time que lhe tirou o título dois anos atrás, preferindo contra-atacar. Assim, Montillo fez o terceiro e matou o jogo antes do fim do primeiro tempo.

O segundo tempo foi de menos iniciativa do Estudiantes, batido que estava com a goleada. O Cruzeiro, em vez de tirar o pé, queria mais. Só não fez porque, repito, respeitou o adversário. Mesmo assim, chegava a ser comovente o sangue nos olhos dos mineiros, doidos por vingança. Mais um golaço de Montillo, outro de Wallyson no final, fortuito como o primeiro. 5 a 0. Não tem a importância de uma final, mas consola muito bem.

Montillo é um cracaço de bola, um dos jogadores mais completos em atividade na América do Sul. Ele e Roger formaram dupla simplesmente infernal na articulação. Além deles, Wallyson levava pânico ao trio de zagueiros platinos com sua velocidade. Não é mais jogador que Thiago Ribeiro, reserva ontem, mas atuou com a qualidade de um titular há tempos. Estivesse Wellington Paulista em noite inspirada e a goleada teria sido maior.

O Estudiantes, não se enganem, tem um bom time. Ao menos em nomes, é um dos melhores do continente ainda. Mas mostrou uma bagunça tática e uma defasagem física preocupantes. Foi a saída de Sabella ou o calendário argentino, que faz os times estrearem em plena Libertadores? O 3 a 0 do Vélez na terça sugere a primeira opção como resposta. Ainda há cinco jogos para Verón e companhia evitarem mais fiascos e retomarem o caminho natural das fases decisivas.

Taça Libertadores da América 2011 - 1ª Fase - Grupo 7 - 1ª rodada
16/fevereiro/2011
CRUZEIRO 5 x ESTUDIANTES 0
Local: Arena do Jacaré, Sete Lagoas (MG)
Árbitro: Carlos Amarilla (PAR)
Público: 10.955
Renda: R$ 377.267,50
Gols: Wallyson 54 segundos, Roger 17 e Montillo 39 do 1º; Montillo 14 e Wallyson 37 do 2º
Cartão amarelo: Wellington Paulista, Marquinhos Paraná, Henrique, Gil, Diego Renan, Braña, Desábato, Nelson Benítez e Federico Fernández
CRUZEIRO: Fábio (6), Pablo (6), Gil (6,5), Victorino (7) e Gilberto (6,5) (Diego Renan, 20 do 2º - 5,5); Marquinhos Paraná (7), Henrique (6,5), Roger (8) (Dudu, 25 do 2º - 5,5) e Montillo (8,5); Wallyson (7,5) e Wellington Paulista (5,5) (Thiago Ribeiro, 32 do 2º - sem nota). Técnico: Cuca (9,5)
ESTUDIANTES: Orión (3), Federico Fernandez (4), Desábato (4) e Ré (3); Mercado (4,5), Braña (4,5), Verón (5), Leandro Benítez (4) (Nuñez, 12 do 2º - 5), Pérez (5,5) e Nelson Benítez (4,5); Gastón Fernández (4,5) (López, 35 do 2º - sem nota). Técnico: Eduardo Berizzo (2)

Foto: EFE

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