Antigos problemas e soluções

O Grêmio cumpriu o dever. Conseguiu a classificação à final da Taça Piratini com o mesmíssimo time desgastado por uma longa viagem à Colômbia. Ganhou a partida, garantindo a decisão para o Olímpico, na quarta-feira de cinzas. E segue descobrindo em Borges um substituto para o lugar deixado vago por Jonas - embora de características diferentes, embora André Lima tenha diminuído de produção, mas com média de gols (cinco nos últimos três jogos) bem alta.

Foi uma tarde sem grandes novidades, de méritos antigos e problemas antigos. A bola aérea defensiva é a principal preocupação. As falhas dos últimos jogos, notadamente o de Barranquilla, se repetiram nos dois gols cruzeiristas. Paulão ia bem ano passado por cima, Rodolfo é bom cabeceador, mas talvez falte um ajuste no posicionamento.

Outro problema tem sido a pouca contribuição de Carlos Alberto, um tanto travado, lento e perdido. Sua entrada, combinada à ausência do lesionado Lúcio, deixam o meio-campo gremista excessivamente lento. Mais uma vez, a troca dele por Bruno Collaço coincidiu com um momento de maior estabilidade defensiva e maior rapidez das ações de frente do time. Renato seguirá apostando nele devido à sua qualidade técnica, mas precisa acordar, pois há gente suficiente para entrar em seu lugar. Escudero, em pouco mais de 15 minutos hoje, já foi bem mais útil.

Por outro lado, os três gols de Borges são uma grande notícia. E apesar de André Lima seguir desconfortável neste novo ataque, já surgiu hoje um primeiro gol em combinação de ambos, com André fazendo o pivô de cabeça que fizera outras vezes no ano passado, deixando o companheiro em condições de marcar. Além de Borges, o outro destaque da vitória foi Gabriel. Sua qualidade é tanta que o Grêmio, sem Lúcio, desistiu de atacar pela esquerda por grande parte do jogo. Só com a entrada de Collaço é que a equação equilibrou.

O Cruzeiro é uma das equipes mais dignas do Gauchão. Encarou o Grêmio de igual para igual até a expulsão de Alberto, que deixou o time seriamente comprometido. Marcou bem demais no primeiro tempo. Só levou o gol numa jogada do puro talento individual de Douglas, Gabriel e Borges, que cavocaram espaço onde parecia não haver. Não se acovardou e sempre buscou o empate. Victor teve de trabalhar duas ou três vezes para impedir o pior. Moacyr Scliar, a perda do ano até aqui, certamente está orgulhoso de onde pôde ver o jogo de hoje.

Campeonato Gaúcho 2011 - Taça Piratini - Semifinal
27/fevereiro/2011
GRÊMIO 4 x CRUZEIRO 2
Local: Olímpico Monumental, Porto Alegre (RS)
Árbitro: Anderson Daronco
Público: 15.736
Renda: R$ 308.421,00
Gols: Borges 36 do 1º; Borges 10, Jô 12, Borges (pênalti) 15, Léo 19 e Gabriel (pênalti) 49 do 2º
Cartão amarelo: Gabriel, Rodolfo, Fábio Rochemback, Douglas, Márcio Lima, Léo e Jô
Expulsão: Alberto 34 do 2º
GRÊMIO: Victor (7), Gabriel (7,5), Paulão (5), Rodolfo (5,5) e Gílson (5,5); Fábio Rochemback (6), Adilson (6), Carlos Alberto (4,5) (Bruno Collaço, 20 do 2º - 5,5) e Douglas (5,5); Borges (8) (Júnior Viçosa, 43 do 2º - sem nota) e André Lima (5,5) (Escudero, 28 do 2º - 5,5). Técnico: Renato Portaluppi (5,5)
CRUZEIRO: Fábio (6), Márcio Lima (5,5), Léo (6), Sandro (4,5) e Zadda (4,5) (Léo Maringá, 33 do 2º - 5); Alberto (4), Almir (5) (Juninho Botelho, 13 do 2º - 4,5), Faísca (5) e Diego Torres (6); Jô (6) e Adriano (4) (Rafael Cearense, 18 do 2º - 4,5). Técnico: Leocir Dall'astra (6)

Comentários

Unknown disse…
Novamente André Lima deixa o campo reclamando da substituição - balançando negativamente a cabeça. A ver como evolui.

Carlos Alberto de fato muito perdido em campo. Aparentemente, a presença dele desequilibra o esquema tático consagrado pelo time. Bruno Collaço entra e o time parece que se ajeita.

Mas, enfim, ano passado o Douglas demorou a engrenar e espero que o mesmo se dê com o Carlos Alberto.
Zezinho disse…
Ao contrário do que aconteceu no jogo contra o Inter, o Cruzeiro jogou sem medo do Grêmio e teve melhor atuação. É um time bem ajeitado, com razoável toque de bola, mas sem muita qualidade técnica.

Quanto ao Grêmio, até acho que o Renato poderia utilizar um segundo ponta ao lado do Borges no ataque (Escudero ou Cazalbé), mas creio que ele não tira o André Lima por causa da bola aérea (tanto ofensiva quando defensiva).

Acredito que essa queda de rendimento na bola aérea defensiva também pode ser creditada à ausência do Fábio Santos (ao contrário de muitos, eu gostava dele). Sem a bola, o Fábio fechava como terceiro defensor e costumava desarmar pelo alto. Tanto Gabriel quanto Gilson não têm esse fundamento apurado - o Gabriel, nesse quesito, é melhor que o Gilson, mas não que o Fábio Santos.

Além disso, o primeiro volante não é alto, o que dificulta sua atuação como terceiro defensor em bolas alçadas na área
Vicente Fonseca disse…
É verdade, Zezinho. Nunca pensei nessa importância do Fábio Santos na bola aérea defensiva. Tirava bastante mesmo.
Zezinho disse…
O segundo gol do Borges me lembrou o gol do Paulo Nunes contra o Palmeiras, pela Copa do Brasil de 1996, primeiro jogo da semi-final: http://youtu.be/88q-d_pxm3g - 1:10
Luiz Paulo Teló disse…
Lembrando que os dois gols do Cruzeiro foram em cima dos dois laterais. Paulão e Rodolfo não estavam do lance. Como disse o Renato, perder pro Léo se entende, mas pro Jo é brabo! De qualquer forma, é sim uma deficiência que tem o Grêmio.

Quanto ao C.Alberto, foi nota 5. Pouco para um cara que pode ser 8 quando inspirado. Talvez ele, e o resto do meio-campo, tenha encontrado uma dificuldade inicial pela sensível mudança do meio-campo, que jogou numa espécie de quadrado, com o C. Alberto na esquerda, ao lado do Douglas.

O Cruzeiro é bom time, dentro das suas limitações. Aproveitou o cansaço do Grêmio para marcar muito forte. O alvo foi o Douglas que, quando quis jogo, jogou muito. Como jogaram Gabriel e Borges. São os três destaque.

Sobre o ataque... a dupla ainda não me convence. André Lima rende uns 60 ou 70% do que pode. O Grêmio poderia ter, por ali, alguém que rendesse mais e ajudasse mais.
Vicente Fonseca disse…
É verdade, os laterais é que estavam marcando. Corrobora o que disse o Zezinho sobre a importância do Fábio Santos na bola aérea defensiva e o que eu disse sobre as falhas de posicionamento da defesa em bolas erguidas para a área. Nada que não se corrija, mas necessita certa urgência.

Também não me convence por completo essa dupla, Luiz. Para mim, por enquanto, joga ou Borges ou André Lima. E Carlos Alberto é reserva do Douglas.
Zezinho disse…
Professor, então quem tu escalaria pra companheiro do Borges: Escudero, Viçosa ou Clementino?

Eu daria uma chance pro argentino mostrar serviço como segundo ponta
Vicente Fonseca disse…
Boa pergunta. Acho que falta essa peça no elenco. Talvez o Escudero seja o que melhor se encaixa, mas preciso vê-lo jogar mais vezes. E não tenho certeza se o centroavante deveria ser Borges ou André Lima.
Chico disse…
A Máquina Tricolor patrolou o cúzeirinho!
Chico disse…
Tripleta de Borges!
Chico disse…
Collaço deixa o time mais certinho do que Carlos Alberto. Neuton não joga mais que o Gílson?
Octavio Fernandes disse…
Também acho que o Neuton joga mais que o Gilson. Principalmente na questão defensiva.
E tá faltando alguém pra fazer o papel do Jonas no Grêmio... Vai ser difícil nossos dois centroavantes fincados se darem bem juntos.

Grande Vicente, muito boas as tuas análises!
Vicente Fonseca disse…
Grande Octavio, prazer de ter aqui caro primo. Valeu pelos elogios.

Abração.