Insustentável

Luxemburgo, atônito, deixa o Atlético/MG
Vanderlei Luxemburgo disse, na semana passada, que não era “frouxo” de deixar o Atlético/MG na situação em que ele se encontrava. Depois da derrota de ontem, porém, nem o homem com mais culhões no mundo teria clima para permanecer. O Galo vive situação que o próprio Fluminense, que o goleou, estava ano passado. Um completo abismo, onde os jogadores até se esforçam, mas se conformam quando sofrem mais um gol, tal a incapacidade psicológica de reação.

Foi o pior trabalho da longa carreira de Luxemburgo, que precisa, definitivamente, se reciclar e deixar a arrogância de lado. Em momento algum de sua coletiva após a derrota no Engenhão, o agora ex-técnico atleticano reconheceu seu péssimo trabalho em Minas: acha que fez tudo certo, mas que apenas faltaram resultados. Poderia ser algo ocasional, não fosse a péssima sequência que vem obtendo. Sua passagem pelo Santos, ano passado, foi constrangedora.

O Atlético/MG ainda não caiu. Porque tem bons jogadores, que parecem muito piores agora, mas já provaram que podem render em outros clubes. E porque há concorrentes em situação tão ruim quanto. Lembrando: mesmo com 15 derrotas e fiasco após fiasco, o Galo não é lanterna, mas 18º. O Prudente está com destino quase selado, o Avaí vem em queda livre. Há chances. E não precisa, ao menos na matemática, ser um milagre como foi o Flu de 2009, que chegou a estar oito pontos atrás do 16º colocado: hoje, está a quatro.

Entretanto, o time em campo é o quadro da dor. E o peso de ter sido rebaixado recentemente certamente influi no ambiente, por mais que nenhum dos jogadores atuais tenha participado da desastrosa campanha de 2005. Ninguém se entende. Há fracassos incontestáveis. Diego Souza é o mais emblemático: fora de forma, lento, parece desinteressado. Entrou ontem no intervalo, em substituição equivocada de Luxa, que tirou Obina, um dos melhores em campo. Não criou jogada alguma de perigo e ainda foi expulso bisonhamente.

Toda esta bomba-relógio está armada para jogar com o Grêmio, no domingo. Sem Luxemburgo nem Diego Souza, os dois personagens mais emblemáticos do fracasso atleticano de 2010.

A terceira lista de Mano
Será bom para Neymar ficar de fora. Ninguém imagina que o seu potencial não é digno de estrelar uma seleção brasileira que se prepara para uma Copa do Mundo para daqui a quatro anos. Entretanto, alguma coisa tinha que ser feita para que o menino não achasse que tudo o que faz é certo. Precisou o técnico da seleção dar o recado, já que a direção não teve coragem.

Convocar Neymar agora, diante de tudo o que se apresentou nos últimos dias, seria o mesmo que concordar com todos os seus erros recentes. A questão extracampo não pode ser desvinculada neste caso, tão forte foi a repercussão – embora Mano Menezes, político, diga que somente questões técnicas pesaram.

Mano está claramente identificando jogadores, jovens ou não, com os quais possa contar para a montagem de seu futuro time. Por isso o chamado a Giuliano, Neto, Mariano e Elias, os quatro estreantes da vez. Foi uma lista cuidadosa e bem feita. Talvez a exceção seja Réver, que poderia ser facilmente convocado em outras épocas, mas vive péssimo momento com o Atlético/MG.

Júnior Viçosa e Diego
Viçosa pode ser uma aposta interessante do Grêmio. Um jogador jovem, de quem se fala muito bem pelo que tem feito na Série B. É uma contratação que lembra a de Pedro Júnior e Paulo Ramos, trazidos do Vila Nova, em 2005: investidores ajudam o clube a bancar duas promessas, buscando lucro no futuro. Naquele caso, não deu.

Já Diego Clementino, do América/MG, é um jogador que não chamou a atenção no time mineiro. Somando isso ao fato de o contrato ser incrivelmente curto (vai até maio de 2011), temos cheiro forte de jogada de empresário no ar. Como aquela que pôs Fábio Ferreira de paraquedas no Olímpico, no início de 2009.

Foto: Agência Lance

Comentários

Prestes disse…
Perfeito sobre a convocação, boa, e Rever deveria ter sido chamado noutra hora.

E também perfeito sobre as contratações do Grêmio. Junior Viçosa é boa aposta, mas o Tricolor não pode querer que ele resolva as coisas nesta temporada, tem que deixar no elenco, entrando quando preciso. E esse Diego cheira demais a lance de empresário.
Vicente Fonseca disse…
Valeu, Prestes!

Acho que o Viçosa ficando no banco do André Lima e do Jonas até o fim do ano, entrando no decorrer dos jogos ou os substituindo eventualmente, será um procedimento correto. Como o campeonato do Grêmio está quase "morto" (poucos riscos de cair ou de G-3), a pressão é menor, o que ajudará.
Prestes disse…
Sobre o Galo: só prova que o futebol é muito ocasional.

Bom elenco, boa estrutura. Jogadores experiente e de qualidade como Fábio Costa, Réver, Zé Luis, Diego Souza, Tardelli, Daniel Carvalho, Obina. Dava para brigar na ponta de cima.

Embora o Luxa já estivesse em má fase, não dá pra se queixar do que fez a diretoria do Galo nesta temporada. Agora, de novo acertam: é hora de colocar alguém para apagar o incêndio. Sugestão: DELEGADO e MARICÁ na lateral-direita.
Vicente Fonseca disse…
dhdsahdsahdsa Grande solução! Eu ainda traria o NASA para a meia-cancha.

Verdade. Não considerei Luxemburgo uma boa escolha no começo do ano, por tudo o que ele ganha e pelo pouco que vem obtendo em termos de resultados. Mas, no restante, o trabalho tinha tudo mesmo para ser bom. Com os nomes que entraram em campo ontem, é quase inacreditável ver o time na situação atual de tabela.
Prestes disse…
Falando sério, o Delegado é mesmo a melhor solução.

Quanto ao Luxa. Acho que apostar numa recuperação dele era menos arriscado do que em uma aposta em um jovem. Acho que não dá pra criticar essa aposta do Galo, e mais: temos que louvar que insistiram em manter o treinador até ficar insustentável. Tiveram convicção.

A crítica maior que se pode fazer a meu ver, é que as declarações do Kalil não colaboram em nada com o clube. Só bota gasolina no incêndio.
Vicente Fonseca disse…
Mantê-lo acho uma postura louvável, até que ficasse insustentável. Só questiono, lá no começo, a contratação. Mas mesmo assim, ele tinha toda a estrutura para fazer um bom trabalho e não conseguiu os resultados. Também acho que o Kalil peca muito mais pelas palavras que diz do que pelas ações em si.

Lopes é uma boa, sim. Disciplinador, faz o simples e sabe lidar em momentos como esse. E não acho que o Atlético/MG vá colocar rios de dinheiro novamente num treinador, depois do Luxa. Por isso acho que não virá o Dorival Jr., que sabidamente ganha muito.