Bicampeões, multicampeões

Sobis, predestinado, empata o jogo (EFE)

O sofrimento só deu maior sabor a tudo. Mas o Internacional ganhou a Libertadores merecidamente, pois foi mais time que o Chivas em pelo menos 75% do tempo somando as duas finais, e nos outros 25% levou o jogo em equilíbrio. Bastou fazer 16 minutos como melhor sabe para transformar a angústia do intervalo em festa, no gol de Rafael Sobis.

O Inter foi um campeão com 100% de aproveitamento dentro de casa, mas ganhou a América com três gols fora dela. O chute maravilhoso de Kleber em Lomas de Zamora, o gol na fumaça de Giuliano em Quilmes e o calcanhar-xiripa de Alecsandro em São Paulo foram decisivos nas fases anteriores. Nas finais, duas vitórias. Para não deixar dúvidas quanto à superioridade.

O jogo de ontem foi de um primeiro tempo equilibrado, onde o Inter não repetiu Guadalajara. Passes errados, muita ansiedade. Porto Alegre não estava preparada para uma decisão, mas para uma festa. Qualquer coisa fora do script causava calafrios. O Chivas não jogava bem, mas controlava as ações. Após um momento de domínio do Inter, o jogo caía de ritmo até o golaço de Fabián, em falha conjunta de Bolívar e Índio.

Mas o segundo tempo foi outro. Roth novamente inverteu Taison e D’Alessandro de lado, mas foram os recuos de Rafael Sobis para participar das jogadas que fizeram o Inter crescer. O Colorado encurralou o Chivas e empatou em 16 minutos. Era muito difícil qualquer tentativa de reversão por parte dos mexicanos. Damião ainda fez aquele gol com cara de gol de título, a la Emmanuel Petit na Copa de 1998.

Mas faltava o de Giuliano, o jogador mais marcante da campanha colorada. Ele começou mal a Libertadores, claramente sentindo os jogos. Mas deixou sua marca em Quito, num empate horroroso, salvando o time da derrota; fez contra o mesmo Quito no Beira-Rio, fazendo o time escapar do Cruzeiro; tirou o Estudiantes das semifinais no fim do jogo em Quilmes; furou o bloqueio são-paulino numa das maiores retrancas que o Beira-Rio já viu; empatou o jogo em Guadalajara; e fez um gol de craque na finalíssima.

O Internacional cometeu erros, mas soube superá-los e saiu com o título de forma incontestável. Mesmo sem um time tão poderoso como o de outros anos recentes, pinta a América de vermelho pela segunda vez num intervalo de quatro anos, um feito notável, que marca ainda mais a superioridade do time não apenas no cenário regional, mas também nacional, em termos de títulos internacionais.

E, de todos os seis jogadores bicampeões, quero destacar Bolívar, um zagueiro simplesmente feito para jogar a Libertadores. Marca firme, chega junto, bate também, é soberano por cima, sério por baixo, tem liderança. Foi o melhor jogador da campanha do bi. E, além dele, Índio, Sobis, Tinga, Renan e Eller ganham mais destaque ainda na história do clube. Tudo capitaneado por Fernando Carvalho, o dirigente colorado mais vitorioso em todos os tempos. É muito campeão junto.

Comentários

vine disse…
"O sofrimento só deu maior sabor a tudo."

Falou tudo. Eu estranhamente não estava nervoso antes do jogo. Quando deu o gol do Chivas, já fraquejei. Foi bom ver o Inter se superando mais uma vez.

Que a soberba não se instale definitivamente no Beira-Rio...
Lique disse…
3 jogadores da base gremista no titulo colorado, sendo dois deles bicampeões. curioso.
Igor Natusch disse…
Não acompanhei todo o jogo - na verdade, estava saindo da casa da minha namorada quando Sóbis empatou o jogo e garantiu o título colorado. Pessoalmente, acho que a má atuação colorada no primeiro tempo só fortalece os méritos do título colorado - estava nervoso, jogando pouco, sofreu o gol, foi para o intervalo atrás do placar e mesmo assim virou a partida. Lembrem que o Grêmio mesmo jogou menos do que podia nas duas decisões em que saiu campeão da América, e mesmo em Tóquio fez uma partida apenas competente - ou seja, jogar bem na decisão é acessório, o que conta é jogar para vencer. E isso o Inter fez.

Mas convenhamos, aqui entre nós: AGORA CHEGA, né? =P
Igor Natusch disse…
Outra coisa que eu ia dizer. Guiliano é o grande nome colorado dessa Libertadores, na minha opinião. Foi decisivo sempre que o Inter precisou. Merece todo o reconhecimento por isso.
Vicente Fonseca disse…
Giuliano mostrou que é um grande jogador mesmo. Ele e o Bolívar, pra mim, foram os melhores. Mas é preciso destacar o Sandro também, além do Guiñazu. E o crescimento de Kleber, Taison e D'Alessandro na reta final.