Muita coisa tem que mudar

Não se analisa o nada, mas farei um esforço. Muito esforço, aliás. Por que é preciso cavocar muito para encontrar explicações convincentes sobre o atual momento do Grêmio (17º, 9), coroado com uma vergonhosa atuação em Presidente Prudente (4 mil). A crise está estampada no rosto de todos, é inegável. O time que enfrentará o Vasco quarta-feira será o mais pressionado do tricolor nos últimos cinco anos, desde a volta da Série B, em 2005. É o pior momento do clube desde a Batalha dos Aflitos.

É inacreditável, com os jogadores que tem em seu elenco, que o Grêmio esteja nesta posição risível na tabela de classificação. Pior ainda é o futebol que o time vem apresentando. E tudo se torna mais inexplicável se lembrarmos o bom primeiro semestre do tricolor. Hoje à noite, foram 10 minutos iniciais razoáveis. Levou o gol do fraco time do Prudente (12º, 12) e se resignou, superando, inclusive, os piores momentos como visitante no Brasileirão de 2009. A defesa falha, o meio-campo inexiste, o ataque pena. Simplesmente tudo errado. Não fosse por Victor e o placar teria sido mais dilatado.

Falar em rebaixamento tão cedo é precipitação. Nas duas vezes em que isto aconteceu, não havia material humano algum no Olímpico, ao contrário de agora. Mas que passou a hora de reagir, não há dúvidas. Para não falar aqui em demissões e coisas do tipo, me foco no time. A entrada de Maylson é absolutamente imperiosa, pois Douglas cresce com ele e o time ganha verticalidade; Hugo nada faz para merecer tantas chances; Edilson é simplesmente injustificável. Minha sugestão é promover alguém das categorias de base (Spessato parece bom jogador, firme e sólido defensivamente) enquanto Mário Fernandes não volta.

Inter 2 x 1 Ceará
O Inter (7º, 13) foi não mais que razoável, mas acumula a segunda vitória consecutiva e sobe muito na classificação. O 4-5-1 de Roth funciona como um 4-3-3 quando o time tem a bola. D’Alessandro foi, várias vezes, quase um ponta-direita no jogo de hoje. O Ceará (3º, 18) foi surpreendido com o gol levado cedo, não estava preparado para correr atrás do placar. Mesmo assim, esperava mais dos vice-líderes do campeonato. Vi apenas em Oziel um jogador interessante, ao menos na partida de hoje, num Beira-Rio molhado, e por isso vazio (6 mil).

E Abbondanzieri, depois de tanto tentar, levou seu primeiro frango como goleiro do Inter. Falhas à parte, é a segunda vitória consecutiva do time no Brasileirão, um mérito inegável que comprova o bom momento pós-Copa. Celso Roth veio com esta fama, não é mesmo?

São Paulo: diante de 22 mil torcedores, o Corinthians manteve-se líder, com 21 pontos, único invicto do campeonato. Bruno César, a revelação do torneio até o momento, marcou o gol da vitória por 1 a 0.

Santos: Felipe Prestes me assegura que foi um grande jogo. Coincidência ou não, Mano Menezes e Muricy Ramalho são os treinadores dos dois melhores times do Brasileirão, prova de que um bom técnico faz sim a diferença. O Fluminense (2º, 19) vem crescendo muito. Já o Santos (9º, 12), com este 1 a 0, perde a segunda seguida desde a volta da Copa do Mundo. Está longe dos líderes. Foram 9 mil pagantes na Vila Belmiro.

Goiânia: com maioria de torcida (18 mil), o Flamengo (4º, 15) ingressou no G-4 ao bater o lanterna Atlético-GO (20º, 4) por 1 a 0, gol de pênalti de Petkovic. O atual campeão faz um bom pós-Copa: duas vitórias.

Sete Lagoas: diante de pouco mais de 3 mil pessoas, o Cruzeiro (5º, 15) voltou a encostar no G-4 com o 1 a 0 sobre o Goiás (14º, 11), gol de Gilberto.

Florianópolis: a histórica volta de Felipão ao futebol brasileiro, nove anos depois, foi um grande jogo. O Avaí (6º, 14), que vinha mal antes do Mundial, cresceu demais na volta: depois de derrotar o São Paulo, faz 4 a 2 no Palmeiras (11º, 12), em grande atuação de Roberto e Caio. 8 mil na chuvosa Ressacada.

Rio de Janeiro: diante de pouco mais de 7 mil pessoas, o Botafogo (15º, 10) saiu atrás, mas conseguiu um insuficiente empate diante do Guarani (8º, 13), 1 a 1.

Foto: Jonas jogou pouco em Presidente Prudente (Célio Messias/Lance Press).

Texto atualizado segunda-feira, 09:00.

Comentários

Samir disse…
O Edilson é uma prova de que mtos se precipitam no reino do futebol. Lá se foram algumas atuações pelo gauchão e mtos já falavam q tínhamos lateral. Esse erro nunca cometi, rapaz é sofrível. E não é por agora, sempre foi.

Tb não entendo o pq da insistência com o Hugo. Ele joga na do Douglas ou no ataque, pronto!

Mas o furo é mais embaixo, creio eu. Time tá desmotivado, resignado como falaste, e isso meus caros, é comando...
Igor Natusch disse…
Pois é. A situação tá complicadíssima. E o grande vilão, na minha opinião, é mesmo a falta de comando.

A coisa mais revoltante ontem foi a absoluta incapacidade de reagir no jogo. Contra o Vitória, apesar da péssima atuação, ainda havia algum impulso, alguma verticalidade, a tentativa (ainda que atabalhoada) de fazer gols. Ontem nem isso tivemos: o time foi um conjunto vazio, merecia inclusive ter perdido de mais. Silas demorou séculos para mexer no time, não conseguiu reanimar o time no vestiário, segue escalando gente que não dá resposta e mantendo jogadores no banco... O meio campo de ontem, sem Maylson e com Hugo e Borges, simplesmente não faz sentido. E notem que as declarações pró-Silas foram frouxas, mesmo entre os jogadores que estariam mais "fechados" com o treinador. O clima de estupor e resignação era palpável, aquela coisa do tipo "nada dá certo, fazer o quê?" que tantas lembranças terríveis traz para o torcedor. E a coletiva do Silas foi péssima também, aquele papo de "dar a cara para bater", "temos que trabalhar" e etc, sem nenhuma ênfase e nenhuma colocação propositiva.

Agora, é aquela coisa: simplesmente demitir o Silas não resolverá todos os nossos problemas. Vai ter impacto anímico, dar uma sacudida, arejar ideias e mobilizar o plantel - e estamos precisando de tudo isso, com ou sem mudança de treinador. Mas quando um dirigente enche a boca para dizer que perder para o Prudente, do jeito que a gente perdeu, é "evidentemente" um "resultado normal", é porque o problema está sério. Muito sério.
Igor Natusch disse…
Hugo e DOUGLAS, eu quis dizer.