Marcada a Batalha de Bloemfontein

Uma das maiores rivalidades do futebol mundial estará de volta à Copa do Mundo no domingo que vem, 11 da manhã, horário de Brasília. Vez por outra confrontos entre gigantes ocorrem prematuramente em Copas, sempre que um dos dois não faz sua parte, mas o outro a cumpre. O Brasil, em 1990, liderou sua chave e teve como “prêmio” a Argentina de Maradona, terceira colocada no seu grupo; a Inglaterra de 1998 ficou atrás da Romênia e caiu diante dos argentinos nas oitavas. E agora, mais uma vez, o English Team paga a medianice de sua campanha na primeira fase com um clássico, e diante de sua maior rival, a Alemanha.

O Soccer City viu um belo jogo nesta noite de quarta-feira. Gana seguiu praticando seu estilo defensivo, esperando o adversário vir para cima para contra-golpear. A Alemanha sempre teve a iniciativa, mas seus homens de frente atuavam muito distantes um do outro. A ausência de Klose foi muito sentida. Não que Cacau seja mau jogador, pelo contrário. Mas Klose serve como uma referência ofensiva importante por entre os zagueiros, enquanto o brasileiro naturalizado sai muito da área, tem outro estilo de jogo. Para completar, Özil errava passes decisivos, o que comprometia a criatividade germânica.

Já Gana obtinha sucesso nos contra-ataques, levando perigo algumas vezes. Mertesacker, sempre muito firme, desta vez teve problemas no enfrentamento pessoal com Gyan e Ayew, causando transtornos salvos pelo excelente goleiro Neuer. Salvo este zagueiro, todos na defesa atuaram muito bem. Lahm jogou uma enormidade tanto no apoio como na marcação, Friedrich e Boateng formaram um lado canhoto defensivo muito seguro e os volantes novamente se destacaram. Khedira tem ótima saída de bola, enquanto Schweinsteiger parece perfeitamente adaptado à segunda posição do meio. Depois de três partidas na Copa, é possível dizer que esta escalação ousada de Joachim Löw não é tão problemática defensivamente como se temia. A contenção é bem feita e a saída de bola ganha em qualidade.

Foi no segundo tempo, porém, que a Alemanha se impôs e alcançou a vitória. Marcou a saída de bola ganesa lá na frente e esteve sempre mais perto do gol. Houve o crescimento de Özil a partir do golaço que decidiu o jogo, mas Müller e Podolski, pelos lados, jogaram menos do que sabem. A falta de aproximação, apesar da presença do movediço Cacau, seguiu longe de se concretizar.

A rodada ficou marcada também pelo paralelismo obrigatório com o duelo entre Austrália e Sérvia. Um gol sérvio no primeiro tempo deixaria a Alemanha provisoriamente fora da Copa. Os gols australianos no segundo tranquilizaram os torcedores do Soccer City, mas a Sérvia buscou e quase empatou, o que lhe daria a classificação. É inacreditável que os únicos três pontos sérvios tenham ocorrido justamente contra a melhor seleção do grupo.

Gana e Estados Unidos farão duelo sem favoritos, embora os americanos tenham mostrado mais futebol que os africanos. Daí sai o adversário do Uruguai, que está colhendo os frutos de sua liderança com um caminho suave. Se alguém discorda das facilidades charruas, respeito e entendo. Mas num comparativo com os argentinos, por exemplo, elas ficam evidentes: depois do México, é Inglaterra ou Alemanha.

A Copa do Mundo começa a tomar formas definitivas.

Alemanha x Inglaterra
Em Copas, será a quinta vez que estas duas seleções vão se enfrentar. Em 1966, os ingleses venceram na polêmica final por 4 a 2, na prorrogação. Quatro anos depois, os alemães deram o troco com um 3 a 2, após estarem levando 2 a 0 – partida válida pelas quartas-de-final. Em 1982, ambos caíram no triangular da segunda fase com a anfitriã Espanha. Deu 0 a 0, resultado que, no fim das contas, classificou os germânicos às semifinais. Oito anos depois, na Itália, um empate de 1 a 1 pelas semifinais levou a decisão da vaga para os pênaltis. Deu Alemanha de novo. Por sinal, é esta a minha aposta para o domingo.

Foto: Özil acerta um lindo chute e põe a Alemanha no caminho de ingleses e argentinos (AP).

Comentários

Chico disse…
Jogo equilibrado. O Panzer ganhou no detalhe graças ao golaço de Özil.
Igor Natusch disse…
Alemanha teve que suar para garantir a vaga. Ficam falando da retranca sueca, mas Gana não fica muito atrás: é um time todo fincadinho atrás, que toma muito pouco iniciativa e joga na base da especulação. É praticamente uma anomalia entre os africanos - e, curiosamente, deve ser o único africano a alcançar as oitavas.

Para mim dá Alemanha 3x1 Inglaterra, com gol de desafogo alemão bem no finalzinho...

E a Austrália foi eliminada na segunda rodada, quando não conseguiu fazer o gol em Gana que seria a sua chance de classificação. Lutaram bastante naquele jogo, com um a menos, mas infelizmente saíram de lá virtualmente eliminados. Do pouco que vi do jogo, gostei dos Socceroos, bastante determinados e eficientes no seu futebol feijão-com-arroz - muito mais interessantes do que a meio insípida seleção sérvia, uma das minhas decepções pessoais nessa Copa.
Igor Natusch disse…
Acredito no DUPLO ZERO A ZERO e no desempate por SORTEIO entre Itália e Nova Zelândia.

Seja lá quem passar nesse caso, será a seleção mais copeira da história.
Prestes disse…
To achando esse time da Alemanha meio faceiro demais. Tomou alguns contra-ataques perigosíssimos.