Grupo E

FREDERICK POSSELT MARTINS

É verdade que essa será a Copa das Zebras, literalmente. Vocês já estão cansados de ler este trocadilho por aí. Mas, caso elas dêem uma trégua neste grupo e não aprontem, teremos uma certeza: Holanda classificada e com louvor. Mesmo que os seus adversários tenham lá alguma história de expressão no torneio, os neerlandeses não devem ter dificuldades para passarem em primeiro lugar neste grupo, quiçá com 100% de aproveitamento. A segunda vaga deve ficar entre os odinistas da Dinamarca e os talassológicos de Camarões. Os aikidocas do Japão devem sair do tatame quando o aquecimento ainda estiver acontecendo.

HOLANDA


Vice-campeã consecutiva em 74 e 78, a Laranja Mecânica atual está longe de ser um time de ponta nos moldes das gerações de Cruyff e Bergkamp. Mas ainda assim é uma equipe bastante competitiva, com talentos individuais, bom jogo coletivo e - claro - ataque perigoso e efetivo. Ou seja: um típico time da Holanda.

A grande maioria dos jogadores que irão para a África do Sul fizeram parte do elenco jovem que fora pra Copa da Alemanha. Hoje, maduros, já são jogadores mais rodados, experientes e que podem agradecer a Van Basten por já terem experimentado a sensação de uma Copa. É o caso de Stekelenburg, Ooijer, Van der Vaart, Sneijder, Van Persie, Robben, entre outros. Enfim, um elenco amadurecido e experiente. Se somarmos isso ao fato de os holandeses ter se classificado no seu grupo de eliminatórias com 100% de aproveitamento, fica muito difícil não citá-los como candidatos ao título.

De negativo, pesa a tradição de formar times fortes e ser eliminada no mata-mata por uma equipe bem postada defensivamente, que, num contra-ataque, mata o jogo com a defesa laranja aberta. É verdade que a meta de Stekelenburg, nas eliminatórias, foi vazada apenas duas vezes. Mas é mais fácil confiar no ataque desta Holanda do que na defesa. Como sempre foi em sua história, não é diferente hoje. Quem sabe a fórmula holandesa de se jogar futebol não renda um robusto fruto dessa vez?

A Holanda, treinada por Bert Van Marwijk, faz sua estreia no dia 14 de junho em Johannesburgo, contra a Dinamarca. Irá, a campo, provavelmente, com o seu clássico 4-3-3 formado por Stekelenburg; Heitinga, Ooijer, Mathijsen e Van Bronckhorst; De Jong, Van Bommel e Sneijder; Kuyt, Van Persie e Robben.

DINAMARCA



Quase todo mundo lembra da Dinamarca como o time dos irmãos Laudrup, que nos anos 80 e 90 comandaram um time forte e qualificado, a ponto de ganharem a Eurocopa de 1992 em cima da Alemanha de Klinsmann, Völler e Matthäus. Mas isso só fica na lembrança: o time de hoje não tem uma dupla de irmãos (embora Christian e Jakob Poulsen possam enganar em seu sobrenome), tampouco o talento daquela seleção ou um jogador que se assemelhe aos Laudrup, tecnicamente falando.

É verdade que se classificar em primeiro lugar num grupo das eliminatórias que conta com Portugal de Cristiano Ronaldo e a Suécia de Ibrahimovic tem lá seus méritos. Mas não deve ser suficiente para esta Copa: no máximo, este time experiente, porém pouquíssimo vibrante, arranca uma classificação às quartas-de-final - isso se, provavelmente, passar da Itália nas oitavas. Para tentar algo mais que isso, os nórdicos levarão a campo nomes conhecidos do futebol inglês e italiano, como o zagueiro Agger, o meia Christian Poulsen e o atacante Bendtner. Todos comandados pelo capitão da Dinamáquina de 86, hoje técnico da equipe: Morten Olsen.

A Dinamarca enfrenta a Holanda dia 14 de junho em Johannesburgo. Provável time: Sorensen; Jacobsen, Kjaer, Agger e Jakobsen; Jorgensen, Christian Poulsen, Jakob Poulsen e Rommedahl; Tomasson e Bendtner.

JAPÃO




Ainda que o futebol fique mais popular a cada dia que passa na terra dos Pokémons, ele ainda está longe de mostrar algum talento e competitividade suficiente a ponto de fazer os amantes do futebol crerem que sua seleção possa passar da fase de grupos de uma Copa do Mundo. Já conseguira isso em 2002, quando sediara o torneio junto com a Coreia do Sul, mas quando todos esperavam que os japas passariam fácil pela Turquia, eis que surge o inesperado. E após a ducha de saquê frio, reiniciam-se os trabalhos no Dojo com gramado.

De talento conhecido, mesmo, tem o Nakat... Ah, não, esse se aposentou. Mas tem o Nakamura, que depois de ter rodado por uns países da Europa tipo o Afonso Alves, voltou ao Oriente. Mas ele sozinho não leva o time nas costas, e a tendência é que os nipônicos sejam o saco de pancadas desse grupo - um tanto irônico isso, visto que eles nos ensinaram tantas artes de como bater em um oponente.

O drama todo dos habitantes da terra dos Cybercops deve começar dia 14, em Bloemfontein, quando sua seleção tentará fazer um sushi de Camarões. Levará a campo os seguintes judocas: Kawashima; Uchida, Nakazawa, Marco Tulio (sempre tem um brasileiro) e Nagatomo; Hasebe, Endo, Matsui e Nakamura; Tamada e Okazaki.

CAMARÕES



Roger Milla, que ainda encanta aqueles que o viram jogar em 90, botou a boca em Eto'o, que respondeu agressivamente e prometeu uma seleção competitiva nessa Copa. Comandados pelo francês Paul Le Guen, os camaroneses tentam repetir a façanha dos Leões Indomáveis de Milla, que derrotaram a Argentina em 90 e quase eliminaram a Inglaterra de Gascoigne nas quartas-de-final. A tarefa, entrementes, não deve ser nada fácil.

Pode-se dizer que, dos representantes africanos, Camarões é o que chega mais forte, junto com Gana. Mas, enquanto esta tem jogadores mais qualificados em diversos setores do time, os camaroneses contam com os Song na zaga e com Eto'o no ataque como seus principais diferenciais. E nada mais. Pode muito bem fazer frente à Dinamarca e arrancar a segunda vaga do grupo. Mas, tal qual os amantes de Thor, não devem ir mais longe que isso, caindo logo nas oitavas, quiçá nas quartas-de-final. Que Milla os abençoe.

Em comparação com os times do passado, a seleção atual é um tanto quanto discreta, apesar de ter um centroavante do porte de Eto'o na frente. E esta seleção terá como seu primeiro desafio o fraco time do Japão no dia 14, em Bloemfontein, levando a campo os seguintes nomes: Kameni; Nkolou, Rigobert Song, Alexander Song e Ekotto; Nguemo, Makoun, Geremi e Emana; Webo e Eto'o.

Comentários

Vicente Fonseca disse…
Fred completamente em chamas, dhdshsdh.
Prestes disse…
Sim, trocadilhos geniais no Japão.

Parece que fora a Holanda as três outras seleções chegam fracas ao Mundial.

De repente, Camarões x Dinamarca vai ser mesmo o grande duelo.
natusch disse…
Holanda é um dos meus candidatos mais fortes ao título. Sim, eu sei que o hábito de morrer na praia é bastante forte para os lados de Amsterdan (talvez as áreas abaixo do nível do mar contribuam para isso, vai saber), mas o time é muito bom, forte na marcação e afiado na frente. Se tudo der certo, chegam até as semifinais, para morrerem na final aos pés da IMPLACÁVEL Coréia do Norte =P

A outra vaga acho que fica com Camarões - embora eu esteja meio CÉTICO com as seleções africanas nessa Copa...

Aliás, não sei se todos já viram, mas essa tabela da Copa é sensacional:

http://www.marca.com/deporte/futbol/mundial/sudafrica-2010/calendario.html
Vicente Fonseca disse…
Sensacional é pouco. Revolucionária!