Intervalo decisivo

São Paulo e Cruzeiro já haviam saído do Olímpico com mais de uma expulsão neste Brasileiro. Hoje foi a vez do Palmeiras, um time que perdeu o controle dos nervos definitivamente. Na mesma semana em que o presidente do clube é punido por 9 meses pelo STJD, Maurício e Obina brigam a socos no início do intervalo, dentro do campo. Heber Roberto Lopes viu tudo e os expulsou, como deve ser feito. O Palmeiras, incrivelmente, cavou suas duas expulsões sem precisar do adversário. Raríssimo, quase inédito.

O lance que definiu o jogo, portanto, ocorreu sem a bola rolando. Mas foi ocasionado pela última jogada do primeiro tempo, um gol de Rafael Marques que dava ao placar a cara do que era o jogo. O Grêmio fez um bom primeiro tempo e dominou a maior parte das ações. Possivelmente ganharia mesmo que Obina e Maurício não tivessem sido expulsos, pelo modo como o jogo transcorria. Criou diversas situações antes de fazer seu gol. Rospide montou um 4-5-1 que tinha Maylson aberto pela direita, de boa movimentação, e Douglas Costa, fundamentalmente, pela esquerda. O guri talvez tenha feito sua melhor partida como profissional - se não, uma das melhores. Driblava objetivamente em velocidade. Abriu a defesa palmeirense a partir de tabelamentos com Lúcio, sempre infernizando a vida de Figueroa e Maurício.

O Palmeiras chegou com perigo uma única vez, em jogada individual de Diego Souza. Quem tem visto os jogos dos comandados de Muricy não se surpreende. Apenas assim o Verdão tem conseguido esparsos resultados. Após a lesão de Cleiton Xavier, o rendimento da equipe caiu vertiginosamente, não apenas nos escores, mas nas atuações. O primeiro tempo dos paulistas não chegou a ser ruim, mas bastante insuficiente para quem chegou ao Olímpico falando em vitória com a salvação do ano. Além de Diego, Armero é quem fazia uma correria mais perigosa pela esquerda. Obina e Ortigoza, dupla escolhida para iniciar a partida em detrimento de Vagner Love, mal pegaram na bola. Deyvid Sacconi esteve bem controlado por Adílson e Fábio Rochemback, que desta vez até fez boa partida.

No segundo tempo, com dois a mais, o Grêmio diminuiu o ritmo. O jogo parecia mais a risco que na etapa inicial, de 11 contra 11. Diego Souza obrigou Marcelo Grohe a boa defesa, e a seguir cabeceou sozinho para fora. Só a partir dos 20 minutos é que o tricolor fez o que deveria: tocou a bola pacientemente até encontrar uma brecha. Rospide trocou o lesionado Maylson por Herrera na tentativa de furar as duas linhas de quatro armadas por Muricy para evitar fiasco maior. Em trocas de passe pacenciosas ou no chuveirinho, o Grêmio ameaçava. Foi em jogada coletiva de Souza e bela assistência de Herrera que Maxi López mostrou o centroavante rompedor que é para decretar o 2 a 0 final.

Douglas Costa foi o melhor homem em campo. Começará a temporada 2010 como titular, e vem merecendo mesmo. Lúcio lembrou o de 2007 e não o inseguro dos últimos meses, Réver e Rafael Marques formaram dupla qualificada de zagueiros, Souza errou muito e depois melhorou, apesar de estar longe de seu bom momento no ano. Mas a melhor notícia da noite foi a volta de Willian Magrão aos gramados, 9 meses após a lesão que o tirou da Libertadores e do Brasileirão. Fazendo boa pré-temporada, será o grande acréscimo ao meio-campo para o ano que vem.

Para o Palmeiras, que demitiu Obina e Maurício, é um momento complicadíssimo. O título é inviável, a Libertadores fica ameaçada, o clima é terrível e há jogo fundamental diante do Atlético-MG daqui a 10 dias. Muricy terá de provar que, de fato, cresce nas horas ruins, como disse em coletiva antes do duelo no Olímpico.

Campeonato Brasileiro 2009 - 36ª rodada
18/novembro/2009
GRÊMIO 2 x PALMEIRAS 0
Local: Olímpico Monumental, Porto Alegre (RS)
Árbitro: Heber Roberto Lopes (PR)
Público: 14.521
Renda: R$ 231.233,00
Gols: Rafael Marques 45 do 1º; Maxi López 25 do 2º
Cartão amarelo: Lúcio, Armero e Pierre
Expulsão: Maurício e Obina no intervalo
GRÊMIO: Marcelo Grohe (6), Thiego (6) (Willian Magrão, 27 do 2º - 5,5), Rafael Marques (6,5), Réver (6,5) e Lúcio (6) (Bruno Collaço, 38 do 2º - sem nota); Adílson (6), Fábio Rochemback (5,5), Souza (5,5), Maylson (5,5) (Herrera, 8 do 2º - 5,5) e Douglas Costa (7); Maxi López (7,5). Técnico: Marcelo Rospide (6,5)
PALMEIRAS: Marcos (5,5), Figueroa (4,5), Maurício (0), Danilo (5,5) e Armero (5,5); Pierre (5,5), Sandro Silva (4,5), Deyvid Sacconi (5) e Diego Souza (6); Ortigoza (4) (Marcão, intervalo - 5,5) e Obina (0). Técnico: Muricy Ramalho (4,5)

Foto: Obina prepara o cruzado que acerta Maurício e acaba com o Palmeiras no Brasileirão (Lucas Uebel/Gazeta Press).

Comentários

Marcelo disse…
Impressionante a melhora do Grêmio depois da saída do Al Tuori.
Douglas e Maxi estão jogando muito. Além disso o time parece muito mais esforçado e objetivo.

Satisfação te encontrar no monumental! Pena o público pequeno... esse Grêmio atual merece bem mais gente no estádio.
Vicente Fonseca disse…
Satisfação é toda minha, mestre. Grande prazer encontrar o amigo depois de ver o primeiro tempo da dramática classificação da celeste nas TVs de LCD da copa do Monumental.

Acho esses públicos até altos para quem não disputa nada, entre 14 e 15 mil pessoas. Incrivelmente se equivalem aos últimos públicos no Beira-Rio contra Botafogo e Santos, jogos realizados em domingos e com o time disputando G-4. Comparativamente ao que vemos na Azenha é pouco, mas em comparação com outros clubes é até um bom número. Vale lembrar que hoje tínhamos talvez mil palmeirenses, um grande número para torcida visitante.
natusch disse…
Eu pessoalmente não vejo melhora quase nenhuma, mas enfim. Hoje jogamos bem o primeiro tempo, aproveitando o nervosismo palmeirense para criar boas oportunidades; depois das expulsões, virou jogo de comadres, e o Grêmio ficou tocando de lado para não humilhar o time visitante. Nada que o Autuori não fosse capaz de conseguir, convenhamos. Contra o Cruzeiro eu analisei no post do jogo mesmo, não me repetirei. Mas lembro que Autuori ganhou do Cruzeiro aqui (quando os visitantes tiveram, vejam só, dois expulsos) e empatou com o Palmeiras lá, depois de sair perdendo e por pouco não vencendo a partida. Para mim, são resultados equivalentes, e pela análise de resultados não dá para dizer que o Grêmio melhorou com o Rospide. Podemos entrar nessa de "volta da raça" e etc, mas para mim essa é uma canoa furada - simplesmente porque não teve nada de especial nesse sentido também, apenas um empate conquistado mais na sorte que no juízo e uma vitória tranquila dentro das circunstâncias do jogo. Mas OK, vi pela TV, não estava no Olímpico, talvez analisando diretamente do estádio a impressão pudesse ser diferente.

No mais, Muricy é FREGULS - o VdeP quem disse =P
Unknown disse…
hj é o dia mundial da filosofia e também o dia mundial do PORCO MORTO.
Gustavo disse…
Vamos lá:
- Rochemback jogou apenas um pouquinho melhor do que os outros jogos, mas não poderia dizer que fez boa partida. Não deveria ser titular, muito menos capitão.

- Considerando que o Tcheco já é praticamente carta fora do baralho, agora infelizmente minha atenção vai para o Souza - que jogadorzinho de m... O sonolento segundo tempo teve a cara desse enrolador.

- O Palmeiras começou com algum ímpeto, mas após os 20 minutos do primeiro tempo praticamente não fez mais nada que o fizesse merecer um gol. Depois da BURRADA HISTÓRICA então, foi tudo pelo brejo.

- Douglas Costa. Brilha muito no Grêmio.

- DC é o novo Carlos Eduardo, METENDO O TERROR pela esquerda, tabelando com o Lúcio. 2007 feelings.
Vicente Fonseca disse…
Acho que o desempenho nos últimos dois jogos melhorou um pouco, sim, mas acho cedo pra dizer se foi pela saída do Autuori. Que o clima na torcida ontem no Olímpico melhorou, não resta dúvida. Quem estava no estádio sentiu uma atmosfera um pouco mais leve.

Rochemback: um pouco melhor mesmo, Gustavo. Inventou menos, jogou mais sério, desarmou mais. Nada brilhante. Para mim, o capitão do Grêmio para 2010 é Réver. Até eu, que gosto do Tcheco, não vejo nele características de um capitão dentro do campo. Fora dele, como líder de grupo, sim.

Douglas jogou muito, mas pra mim Maxi foi o melhor. Os dois gols tiveram a marca de sua centroavância. Felizmente, parece que fica. Baita jogador.

E o Lúcio cresceu mesmo com o Douglas a seu lado. Lembrou-me também 2007, quando fazia as ultrapassagens em velocidade em toques de Carlos Eduardo, ficando livre para cruzar. Aquele lado direito do Palmeiras foi a mina de ouro gremista no primeiro tempo.
Joel disse…
Se os árabes realmente pagaram o valor divulgado pela rescisão de contrato do Autuori, não vejo nenhum sentido para a não permanência do Maxi. Lamento apenas o fato de não terem aproveitado minha idéia da "mala-loira" como tu mesmo batizaste o projeto.

O mais triste é ver gente (que não entende nada) reclamando do Maxi. Sinceramente não sei o que querem de um centroavante! Devem sentir saudades do Tuta e sei babaloo.
Joel disse…
leia-se Tuta e seu babaloo no comentário anterior.
Paulo Finatto disse…
A pergunta que fica é: quem meteu melhor a mão nessa quarta-feira? Henry ou Obina?
Unknown disse…
bah, OBINA certo, ou melhor, CERTEIRO.

OBINA é melhor que eto'o E HENRY.


huhuhu...