Previsão de possibilidades para o sorteio da Copa

O sorteio dos duelos de repescagem das Eliminatórias Europeias favoreceram as seleções grandes. Portugal, França e Rússia tinham um medo mútuo de terem de se enfrentar em mata-mata, mas o destino foi bonzinho. Colocou portugueses ao lado de bósnios, franceses contra irlandeses e russos contra eslovenos. Para completar, um duelo equilibradíssimo entre Grécia e Ucrânia.

Dia 4 de dezembro teremos o sempre deveras aguardado sorteio das chaves para a Copa do Mundo. Até lá, antes mesmo da definição dos últimos nove classificados para o Mundial (veja lista completa de quem já está lá), já é possível pensarmos algumas situações para a distribuição dos grupos.

Primeiramente, os cabeças-de-chave. Quando a Copa é realizada em um país de pouca tradição mundial, caso da África do Sul, a tendência é sempre de que o grupo do anfitrião seja mais fraco e, por consequência, um dos favoritos deixe a condição de cabeça-de-chave e caia num grupo com outro time grande. Em 2002, com Japão e Coreia do Sul, a situação ficou ainda mais potencializada, colocando lado a lado logo de cara Argentina, Inglaterra e Suécia, por exemplo.

Para 2010, seis seleções parecem garantidas como cabeças: África do Sul, anfitriã; Itália, atual campeã; Brasil, líder do Ranking da FIFA; Argentina, por ser outra grande não-europeia; Alemanha, pelas últimas duas Copas; Espanha, pelo Ranking da FIFA e por ser cabeça desde 1998. Sobrariam duas vagas entre Holanda, Inglaterra e França. A Holanda pode entrar por estar bem colocada no Ranking da FIFA (3º) e pelos excepcionais 100% nas Eliminatórias, mas pode cair por nunca ter ganhado uma Copa e por não ter sido cabeça em 2006. A França, se passar pela Irlanda, tem tudo para ser cabeça de chave. Isto porque foi vice em 2006, o que pesa muito na escolha. Só não será cabeça se for eliminada na repescagem. Já a Inglaterra, a meu ver, corre por fora. Está atrás de holandeses no Ranking (7º), não chega realmente longe desde 1990, mas foi muito bem nas Eliminatórias, melhor que os franceses, por exemplo. Não pode ser descartada, entretanto.

Considerando que a França passa adiante e que a Inglaterra não será cabeça, fica interessante o raciocínio de como serão os grupos da Copa do Mundo - que, por mais que sejam tecnicamente fracos após o Mundial inchar para 32 participantes, reservam suas surpresas e desenham o restante da competição.

Normalmente os grupos têm dois europeus. Desta vez, serão 13 da Europa, 6 da África, 8 das Américas e 5 da Ásia/Oceania. Ou seja: três grupos terão apenas um europeu - e devem ser os de África do Sul, Brasil e Argentina. Assim, será um pote com os oito europeus não cabeças-de-chave, e outros 16 selecionados de América, Ásia, África e Oceania. É difícil prever como se dará o ordenamento, e se este raciocínio está realmente correto. Mas matematicamente é o mais óbvio, ao menos enquanto a FIFA não divulga as regras do sorteio.

Teríamos, então, quatro potes: um com os oito-cabeças de chave; outro com os oito europeus que não são cabeças de chave; outro com os seis demais países das Américas, sendo que Brasil e Argentina não podem enfrentar equipes sul-americanas; e outro com africanos e asiáticos, que totalizam dez equipes, mas duas migrariam para o pote dos seis das Américas. Assim, no caminho da África do Sul terá de haver um asiático, para que não haja outro africano.

Com isso, o Brasil terá como adversário um país europeu e dois entre América Central, Ásia, África e Oceania. Ou seja: não há chance de um grupo dificílimo tendo duas pedreiras europeias juntas, mas pode haver um adversário do nível de Inglaterra, Rússia ou Portugal, mais um africano, que deve crescer pelo fato de a Copa ser no continente. De resto, talvez México ou Estados Unidos. Seria o pior cenário possível, testes realmente complicados para uma primeira fase. Para a Argentina, que deve chegar à África do Sul menos afirmada que o time de Dunga, um azar no sorteio (como em 2002 e 2006) poderá custar caro.

Por outro lado, se um grupo reunindo Brasil, México, Costa do Marfim e Inglaterra é possível, outro com África do Sul, Honduras, Eslováquia e Coreia do Norte não está de todo descartado. Pode haver também um grupo com três campeões do mundo. Exemplo? Alemanha, Inglaterra, Uruguai e um africano ou asiático qualquer. Esta hipótese obrigatoriamente tem de incluir um cabeça de chave europeu (no caso, Alemanha, Itália ou França) mais ingleses e uruguaios, caso os celestes vençam a Costa Rica na repescagem.

É por estas e outras que o sorteio da Copa é sempre um evento fascinante e cercado de grande expectativa. Agora é esperar e torcer para que os shows que ocorrem antes do que realmente interessa não sejam tão longos. E os argentinos já podem ir rezando para que Pelé, que sempre lhes dá azar (tirou as bolinhas que colocaram a Inglaterra em 2002 e a Holanda em 2006 no caminho dos hermanos), não possa comparecer.

Comentários

Lourenço disse…
Sorteio de Copa, e não o gol, é o momento máximo do futebol. No mais, queria ver o Brasil contra dois europeus. O nosso grupo de 2002 e de 2006 era muito sem graça.