Decisão? Que decisão?

Antes da partida, jogadores e comissão técnica do Internacional alardearam que se tratava de uma decisão. O que se viu em campo, porém, foi uma atuação apática dos colorados. O Palmeiras sim foi vibrante e merecia um placar até maior que os 2 a 1 conquistados esta noite no Parque Antártica.

No primeiro tempo, o Inter tocava melhor a bola, mas esbarrava na bem postada zaga palmeirense e nos próprios erros no último ou no penúltimo passe. Taison abria o campo a dribles para que Kleber fizesse ultrapassagens com liberdade pela esquerda. Só que a bola não chegou nenhuma vez à cabeça de Alecsandro.

O Palmeiras, por sua vez, ia na base da força e da velocidade. Ortigoza e Obina usavam o porte físico para incomodar a dupla de zaga colorada, que batia cabeça. O resultado foi que o time paulista ameaçou muito mais a meta de Lauro. Foram diversas chances. Nenhuma flagrante, é verdade.

O primeiro gol palmeirense foi sair aos 37 minutos, em um lampejo de Diego Souza, que até então vinha sendo muito bem marcado por Sandro. Entrando pelo lado direito, invadiu a área, cortou Sorondo em velocidade, mas foi um corte de lado, não em direção ao gol. Mesmo assim, Danny Morais foi afoito na cobertura fez o pênalti. Obina tirou Lauro da foto e abriu o placar.

Nem bem as duas equipes entravam em campo para o segundo tempo e o Palmeiras já ampliava. Diego Souza novamente cortou jogadores em velocidade e chutou de fora da área. A bola bateu na cabeça de Sorondo e sobrou quase na pequena área. Ortigoza ganhou na corrida de Danny e fez o gol. O Inter seguiu atacando com pouco ímpeto.

Já é a segunda partida seguida que os homens de meio-campo, especialmente Andrézinho, jogam muito abaixo em termos ofensivos. Giuliano tem apenas momentos bons nas partidas. Sandro e Guiñazu nunca chegam à área adversária. Além deles, Alecsandro também teve jornada lamentável.

Quando Taison já não ia bem, deu lugar a Bolaños. Andrézinho saiu para entrar o jovem Wagner Libano que, salvo engano, fazia sua estreia na equipe principal. Foram daquelas típicas trocas que o treinador faz apenas para ver se de alguma maneira mágica altera o panorama do jogo. Do outro lado, Diego Souza sobrava em campo.

O gol de honra só saiu através da individualidade. Giuliano, aos 41, driblou dois palmeirenses e chutou da meia-lua, forte e colocado no canto direito de Marcos. Um golaço que serviu para o time gaúcho ensaiar uma pressão, de forma desastrada.

O Internacional teve mais posse de bola durante toda partida, mas pior do que não traduzir isso em gol, não traduziu sequer em chances claras, como já havia ocorrido contra o Corinthians. Kleber mais solto voltou a jogar bem, embora ainda falte calibrar os cruzamentos. Taison vem se recuperando da má fase. Foi caçado em campo hoje, porque os dribles voltaram a encaixar. O problema, portanto, reside no meio-campo.

Fica aquela velha questão: o coletivo está prejudicando as individualidades, ou as más atuações é que prejudicam o time?

Na defesa, toda a ira da torcida recairá em cima de Danny Morais. Além de falhar nos dois gols do Palmeiras, o zagueiro protagonizou diversas lambanças na partida. Nos anos passados, eu era um dos primeiros a defendê-lo quando errava, por sua juventude. Morais agora já tem 24 anos e é inadmissível que continue sendo medroso e desatento. A direção colorada tem que tratar de mandá-lo de uma vez para o futebol vietnamita.

O Palmeiras demonstrou mais concentração e teve o miolo de defesa quase sempre muito bem postado, marca de Muricy. Ortigoza e Obina formam um ataque de força física impressionante, sempre conseguem atordoar os zagueiros adversários. Entretanto, a equipe careceu demais das jogadas individuais de Diego Souza.

Se o Inter teve apenas posse e bom toque de bola (apenas até a intermediária adversária), aos verdes faltou exatamente saber segurar a gorducha e tabelar. Se não souber criar jogadas coletivamente, o time paulista vai se tornar presa fácil no decorrer do campeonato. Hoje, parar Diego Souza é parar o Palmeiras. O difícil é saber como segurar o desgraçado.


- O juiz teve ótima atuação, deixando o jogo correr como deve ser feito. Contudo, errou em pelo menos um lance cabal. No final do primeiro tempo, após um escanteio para o Internacional, Diego Souza, que tinha acabado de levar cartão amarelo por falta dura, deu um chute nas pernas de Sandro e empurrou a cara do volante colorado por três vezes. O árbitro preferiu contemporizar. Houve ainda um pênalti não marcado para o Palmeiras cometido por Alecsandro.

- Os palmeirenses estrearam uma camisa azul. Flauta absolutamente inevitável.

Campeonato Brasileiro 2009 – 21ª rodada
22/agosto/2009
PALMEIRAS 2 x 1 INTERNACIONAL
Local: Parque Antártica, São Paulo (SP)
Árbitro: Wilton Pereira Sampaio (DF)
Público: 22.101
Renda: R$ 734.836,24
Gols: Obina 37 do 1º; Ortigoza 1 e Giuliano 41 do 2º
Cartão amarelo: Deyvid Sacconi, Diego Souza, Armero, Giuliano, Sandro, Danny Morais, Guiñazu, Danilo Silva
PALMEIRAS: Marcos (6), Wendell (4,5), Maurício (6), Danilo (6,5) e Armero (6); Edmilson (6,5) (Jumar, 36 do 2º - 5,5), Souza (5,5), Cleiton Xavier (sem nota) (Deyvid Sacconi, 11 do 1º - 6) (Sandro Silva, 42 do 2º - sem nota) e Diego Souza (7,5); Ortigoza (6,5) e Obina (6). Técnico: Muricy Ramalho (6)
INTERNACIONAL: Lauro (6), Danilo (5), Sorondo (5,5), Danny Morais (3) e Kleber (6); Sandro (5,5), Guiñazu (5,5), Giuliano (6) e Andrézinho (4,5) (Wagner Líbano, 30 do 2º - 5); Taison (6) (Bolaños, 30 do 2º - 5,5) e Alecsandro (4,5). Técnico: Tite (4,5)

Comentários

Vicente Fonseca disse…
Na defesa, toda a ira da torcida recairá em cima de Danny Morais.

Bah, foi só eu chegar em casa que a minha mãe xingou ele, dshjsdjhsd.

Diego Souza gastou a bola mesmo. Talvez seja o melhor jogador do campeonato até agora.

Nos 70 minutos que vi, o Palmeiras foi melhor e mereceu a vitória. O Inter acordou para o jogo somente após levar o segundo gol, quando finalmente adiantou a marcação e foi para cima buscar o empate.

Sobre a camisa azul, acho bonita, mas não entendo seu sentido. Era utilizada uma semelhante pelo antigo Palestra Itália?
Vicente Fonseca disse…
Ah, e também gostei da arbitragem. Primeira vez que vejo este árbitro apitar e foi muito bem no seu estilo de deixar o jogo correr.
Lique disse…
achei belíssimo o uniforme. deve ser o uniforme original do palmeiras.

e que golaço do giuliano.
Vicente Fonseca disse…
O uniforme em si é muito bonito mesmo. Acho que é retrô, até pelo distintivo com a Cruz de Savoia. E interessante que muita gente nas arquibancadas e cadeiras do Palestra já a vestiam.

Sem dúvida, de muito melhor gosto que aquele verde-limão do ano passado.
O uniforme é retrô sim, do tempo do Palestra. E mto bonito, creio que dos mais bonitos do país, mas é claro, descaracteriza por completo o Palmeiras, que é verde.
Vi pouco do jogo. Mas é surpreendente como o Tite apela a jogadores fora do baralho em momentos importantes... Leandrão entrou na final da Copa do Brasil, e agora, Wagner Líbano. De onde saiu? Não é jogo pra um guri estrear. Enfim, o inter perdeu a vantagem que tinha, agora mesmo ganhando os dois jogos atrasados fica atrás do Palmeiras. E numa hipotétia péssima rodada hj, os vermelhos podem cair pra sexta posição, o que seria um baque mto forte.
Prestes disse…
O Diego Souza jogou muita bola, mas devia ter sido expulso no fim do primeiro tempo.

"Mas é surpreendente como o Tite apela a jogadores fora do baralho em momentos importantes..."

Concordo plenamente.
bah, companheiros, desta vez estou a "discoconcordar" da crítica. estive no estádio e TODOS lá acharam que o inter jogou bem, assim como eu. resultados ruins acontecem, o grêmio que o diga fora de casa. ontem, o inter teve mais posse de bola durante todo o jogo, mostrou toque de bola. só acho que faltou ímpeto ao ataque colorado, aquela criação de chances em massa. mas o mesmo talvez possa ser dito do palmeiras. se o gol colorado saiu de jogada individual, os do palmeiras foram fruto do acaso e da ruindade do danny morais. o pênalti foi de uma ingenuidade incrível e o segundo gol esteve carregado de bizarrice. andrezinho realmente esteve abaixo - errou um passe no primeiro tempo que poderia ter mudado a história do jogo -, mas giuliano vem jogando um bolão. marcou, desarmou e ainda saiu pro jogo. os volantes poderiam chegar mais à area, é verdade. o kléber, a meu ver, fez boa partida. deu uma opção de apoio qualificada na esquerda. se a bola não chegou na cabeça do alecsandro foi mais por méritos da arrumada defesa palmeirense e deméritos do atacante, que se envolveu muito mais em jogadas fora da área do que apareceu dentro para escorar. bom, mas tudo são conjecturas, o inter perdeu. me parece que falta um algo mais, sei lá, daquela obstinação de campeão. mas aí acho que o único time que a tem é o são paulo. o palmeiras, sinceramente, não me empolga. ontem teve chances, mas joga muito no abafa e pouco trabalha jogadas. enfim, joga daquele jeito que só o muricy gosta.
do blog do juca:

"Choradeiras
Time para ser campeão precisa ganhar também dos erros de arbitragem, precisa superá-los.

E imputar derrotas ao apito é o melhor meio de acomodar os jogadores e desenvolver neles o tal do complexo de perseguição.

Em casa e contra um Corinthians esfacelado, o Inter tinha a obrigação de vencer com ou sem bandeirinhas cegos.

Como tinha a obrigação, em 2005, de ganhar do rebaixado Coritiba, no último jogo do Brasileirão, para ser o campeão, apesar do pênalti não marcado em Tinga e dos jogos que foram disputados novamente, que acabaram beneficiando o Corinthians, que acabou levando um título menor, sem dúvida, manchado.

Mas o fato é que o Inter precisa ser aquilo que fez dele um incontestável tricampeão brasileiro, campeão da Libertadores e Mundial, com erros de arbitragem contra e a favor, em vez de virar vale de lágrimas ou produtor de DVDs."

não deixa de ter certa razão o juca. porém, o que me irrita é a rotina de erros favorecendo o corinthians. em três jogos contra o inter este ano, quatro gols irregulares. é muito. quem joga futebol sabe que um gol de desvantagem já é muito, quiçá quatro. sobre esse tipo de vantagem que o time do parque são jorge leva, nenhuma palavra de reprovação. e assim os paulistas vão legitimando sua hegemonia no futebol do país. menos nas últimas libertadores, que a arbitragem vem de fora. veremos no ano que vem como será com o timão na libertadores.
Prestes disse…
"me parece que falta um algo mais, sei lá, daquela obstinação de campeão. mas aí acho que o único time que a tem é o são paulo."

Este trecho do teu comentário é definitivo.

Achei que o Inter não jogou bem pq quando era hora de ir pra dentro, errava um passe, faltava concentração e entendimento entre os jogadores. Além disso, time que não finaliza não pode fazer gol.

Já o Palmeiras, concordo plenamente, não empolga. Falta técnica aos jogadores, faltam jogadas trabalhadas. O próprio Diego Souza só articula pra si mesmo.
Vicente Fonseca disse…
Olha, Giu, eu não consegui ver boa atuação do Inter no primeiro tempo. Achei pouco objetivo, sofria ameaças constantes do Palmeiras, agredia pouco. No máximo, uma ou outra subida boa do Kleber (foi bem mesmo), e as faltas cavadas pelo Taison. No segundo tempo sim, se impôs e buscou o resultado, que não veio.

O Palmeiras de fato não empolga, mas é um bom time, tem uma boa vantagem já, e um técnico acostumado a ganhar campeonatos assim. Fortíssimo candidato.