Encharcado, mas ainda líder

Felipe Mattioni disputa com Gladstone sob forte chuva no Olímpico


O resultado do jogo do Olímpico passou pela chuva intensa que atingiu Porto Alegre durante todo o domingo. Ao chegar no estádio, o gramado não apresentava quaisquer sinais de alagamente, tal é a qualidade da drenagem. Mas poças se formaram de forma quase invisível, não capazes de impedir a realização da partida, mas o suficiente para recheá-la de características bem particulares. E quem mais saiu prejudicado com isso acabou sendo o Grêmio, dono da casa, que precisava propor o jogo para chegar aos 3 pontos.

O tricolor controlou e dominou a partida em sua quase totalidade. O Palmeiras teve sua tarefa de destruir as ações gremistas facilitada pela chuva, e se impunha também fisicamente. A jogada de ataque que levaria ao golo necessariamente precisava passar por Marcel. O exemplo típico veio só aos 43, com o centroavante escorando e deixando Perea livre, mas a bola deu no poste de Marcos.

O primeiro tempo se resumiu a um Grêmio que atacava mais, mas levava perigo esparsamente, apenas. Com Rafael Carioca e Willian Magrão impedidos de exercer a habitual saída de jogo com qualidade, o time perdeu em qualidade pelo meio, como o Palmeiras também. Os paulistas tinham em Kléber uma arma importante, mas Thiego anulava-o bem, pois as tentativas vinham basicamente por cima, onde o zagueiro gremista se impunha. Faltou ao Grêmio jogar mais pelas pontas, e aí mais uma vez vem o fator aquático: Felipe Mattioni se viu impossibilitado de avançar pelo flanco no primeiro tempo, pois ali estava a maior poça de todo o campo. A ligação direta procurando Marcel era a única saída viável.

Para o segundo tempo, a saída com Felipe pela direita deu uma alternativa a mais ao Grêmio, que se impôs definitivamente para buscar a vitória. Algumas chances vieram, Marcos defendeu bem uma cabeçada de Réver. Os primeiros 10 minutos foram gremistas, depois o Palmeiras equilibrou. Até que veio um erro, e somente em erros poderiam ser construídos golos num jogo assim: a zaga rebateu mal, Alex Mineiro serviu Kléber, que foi derrubado por Pereira. Pênalti e 1 a 0 Palmeiras, aos 17 minutos do segundo tempo. Era hora de ver se o Grêmio reagiria como um postulante a algo mais ou se acuaria como uma equipe mediana que estava lá em cima na tabela por acaso. Pois reagiu.

E rápido. Vieram cinco minutos de pressão, de cruzamentos, de tentativas, de rebatidas, até que Anderson Pico pegou rebote de saída equivocada de Marcos e empatou. Seguiu-se uma pressão fortíssima, tanto dos torcedores quanto do próprio time em busca da vitória. Mas o Palmeiras soube amorcegar o jogo afim de sair com um empate. Roth tentou mudar a sorte tirando Thiego e botando Reinaldo; a equipe ficou em um 4-3-3, mas perdeu as jogadas pelas pontas, já que os alas viraram laterais com preocupações bem mais defensivas.

No fim, um resultado que agrada muito mais ao Palmeiras, que sai do Olímpico vivo como talvez não pensasse sua torcida, pessimista com o desempenho da equipe fora de casa. É claro que a chuva facilitou para que as coisas se encaminhassem assim. O Grêmio, de certa forma, passou no seu primeiro teste de defender a liderança: mesmo que o empate em casa nunca seja bom para quem briga por título (ainda mais com um adversário direto), a equipe fez uma boa partida dentro do que as condições permitiam. E, afinal, manteve a liderança, contando a sorte de dois tropeços rubro-negros nos jogos das 18:10.

Em tempo:
- Injustas as vaias a Diego Souza, jogador que muito fez em 2007 e só saiu por falta de interesse do Grêmio em comprá-lo. Élder Granja, por outro lado, passou quase despercebido.

- Lamentável essa mania de só abrir os portões duas horas antes das partidas. Hoje, mihares pegaram chuva no lombo esperando a abertura, mesmo com ingresso na mão e mensalidade paga em dia.

Campeonato Brasileiro 2008 - 15ª rodada
27/julho/2008
GRÊMIO 1 x PALMEIRAS 1
Local: Olímpico Monumental, Porto Alegre (RS)
Árbitro: Wagner Tardelli de Azevedo (RJ)
Público: 36.688
Renda: R$ 693.499,50
Golos: Alex Mineiro (pênalti) 17 e Anderson Pico 22 do 2º
Cartão amarelo: Felipe Mattioni, Tcheco, Kléber, Maurício e Alex Mineiro
GRÊMIO: Victor (5,5), Thiego (5,5) (Reinaldo, 38 do 2º - sem nota), Pereira (5,5) e Réver (5,5); Felipe Mattioni (6), Rafael Carioca (5,5), Willian Magrão (6), Tcheco (5,5) e Anderson Pico (6,5); Perea (5,5) e Marcel (5,5). Treinador: Celso Roth (5)
PALMEIRAS: Marcos (5), Jéci (5,5), Maurício (5,5) e Gladstone (5,5); Élder Granja (5), Jumar (5,5), Sandro Silva (5,5) (Wendel, 26 do 2º - 5,5), Diego Souza (5,5) (Maicosuel, 33 do 2º - sem nota) e Leandro (5,5); Kléber (6) (Denílson, 33 do 2º - sem nota) e Alex Mineiro (6). Treinador: Vanderlei Luxemburgo (5,5)
Foto: José Doval/Grêmio

Comentários

Ponso disse…
Quando consigo ir ao jogo, desaba os céus sobre Porto Alegre. Vi o mesmo jogo que o Professor, apenas daria um pouco mais de destaque para Mattione, que no segundo tempo emulou os relâmpagos que cortavam os céus e atropelou na ponta direita, e à má atuação de Carioca, que não entendeu as condições de jogo e quase compromoteu a jornada, com passes curtos pra trás e condução desnecessária de bola. Realço as atuações do já referido Mattione, de Pico (que se achou no 3 5 2) e de Tcheco (tudo passa por ele), com a ressalva de mais um lamentável chilique que resultou em tarjeta amarilla. Abraço a todos, perdão por me estender.
Anônimo disse…
aplaudiram o roth, deu no que deu.
aehuakubklshfauef...
não é questão de gostar ou não do treinador, é algo mais, algo METAFÍSICO, quase PARANORMAL. são as energias do universo que jogam contra qndo celso roth é ovacionado. pq simplesmente os gremistas não ficam quietos ou soltam um ARRÃ em uníssono??? aheuhaue
Anônimo disse…
Não achou que o Kleber deveria ter sido expulso, ainda no começo do jogo, quando deu um soco no jogador do Grêmio, e levou apenas amarelo?
Vicente Fonseca disse…
Olha, não consegui ver o lance de onde eu estava, nem vi replay. Mas não duvido que tenha sido maldoso, dado o histórico deste jogador.
Anônimo disse…
Foi a mesma cousa contra o flamerda. Faltou sorte.

Pico é afirmação na ala esquerda. Felipe, na direita, pede seqüência.

Alex Minero voltou ao Monumental para procurar os dentes que perdeu no ano passado quando defendia o patético pr.
Anônimo disse…
Era jogo de três pontos - não só pelo momento do campeonato, mas porque o Grêmio de fato foi superior em praticamente todo o jogo. Mas a chuva incessante e alguma falta de sorte tricolor acabaram assinalando o empate - que não é bom resultado, mas que dentro das circunstâncias confirma a força do Imortal como candidato ao título. E a lógica que se dane.

No mais, belo espetáculo do torcedor - que, numa tarde de chuva incessante e frio considerável, encarou o tempo feio e colocou mais de 36mil cabeças no Olímpico, para cantar e incentivar o jogo todo. Foi bonito, fiquei feliz de ver e orgulhoso de estar presente.
Anônimo disse…
Pico = Mito
Eu apostei desde o começo. Solitariamente. A opinião uníssona era por, acreditem, HIDALGO!
Mattioni é uma bela promessa, um jogador com futuro que até agora não podemos limitar. Podemos dizer que ele é melhor que o Paulo Sérgio. Tudo bem. Mas até agora mostrou uns bons lances e nada mais. Há empolgação demais a cada boa jogada dele. Que fique claro, meu discurso não é na linha do "não vai ser tudo isso", mas do "ainda não vimos tanto para estarmos elogiando-o como afirmação". No mais, o lugar do Souza, hoje, é ali na direita. Não tem como tirar ninguém do meio nem como mexer no esquema. Mas isso é dinâmico.
Vicente Fonseca disse…
O correto me parece colocar o Souza na direita mesmo. Mexer em todo o esquema para colocá-lo é inadequado. Colocar nomes afirmados em um esquema afirmado é uma receita que dificilmente não terá sucesso.

Eu preferia o Bruno Teles, quando o esquema era 4-4-2. Sempre desconfiei do Pico ser um ala, até meia pensei que pudesse ser. Mas tudo bem, méritos pra ti, Lourenço, pro Roth, que descobriu isso a tempo.