Um bom empate

Mesmo sem uma atuação realmente convincente, pode-se dizer que o Fluminense passou pelo teste da estréia na Libertadores. Empatar fora de casa em um grupo que só tem pedreiras é um resultado que não pode ser desprezado. Ainda mais se a primeira partida é na altitude de Quito, contra a LDU, que já bateu grandes times como São Paulo, Internacional e River Plate nos últimos anos.

O primeiro tempo foi um massacre equatoriano. O time treinado pelo eterno Edgardo Bauza encaixotou o de Renato Portaluppi. Jogando num 3-6-1 em que os alas realmente compunham a meia-cancha, a LDU teve superioridade numérica total no setor crucial do campo. Guerrón e Ambrosi espetavam Gabriel e Júnior César, laterais conhecidos por sua capacidade ofensiva, mas que tiveram de ficar presos à marcação. A trinca de volantes composta por Maurício, Ygor e Arouca não dava conta de marcação de Vera e Bolaños, isso sem falar nas chagadas constantes dos volantes Urrutia e Manso.

Acuado na defesa, o Flu não tinha nem os contra-ataques. Thiago Neves sumiu, isolado que esteve, e não pôde abastecer os ainda mais obscuros Leandro Amaral e Washington. Nem a zaga dava segurança. Thiago Silva perdia todas para o rápido centroavante Bieler, que se antecipava, mas pecava nas finalizações. Fernando Henrique e suas defesas acrobáticas, sensacionais e sensacionalistas, era quem garantia o zero no placar.

Duas mudanças alteraram completamente o panorama no segundo tempo. A primeira, e mais importante, foi da LDU: Bauza tirou Ambrosi para colocar Kaviedes. Com dois atacantes, os equatorianos perderam o controle do meio. O habilidoso Bolaños, que fazia grande estrago no meio, foi deslocado para a ala esquerda, e desapareceu. A outra mudança foi do próprio Portaluppi: tirou Maurício e colocou o dinâmico Cícero, o que tirou o Flu do afogo e deu-lhe mais oxigenação na frente.

Com mais movimentação na frente e com maior controle do meio, os cariocas equilibraram. A entrada de Cícero foi também a reabilitação de Thiago Neves, que fez um ótimo segundo tempo, com conclusões de longe e passes venenosos. Numa de suas jogadas, entrou livre e o goleiro Cevallos defendeu com o braço fora da área, lance passível de expulsão. O colombiano Albert Duarte contemporizou, medroso.

Quando a LDU vinha para cima, encontrava a barreira de Thiago Silva. Depois de um primeiro tempo problemático, o jovem zagueiro mostrou porque tem a absoluta confiança de Portaluppi: tirou todas, por cima, por baixo, se atirando no chão como se a jogada fosse a última de uma final de Copa do Mundo, xingou, orientou. Deu um show e a volta por cima dentro do próprio jogo. Um bom exemplo de como o Fluminense deve se comportar nesta Libertadores.

Copa Libertadores da América 2008 – 1ª Fase – Grupo 8 – 1ª rodada
20/fevereiro/2008
LDU 0 x FLUMINENSE 0
Local: Casablanca, Quito (EQU)
Árbitro: Albert Duarte (COL)
Público: não divulgado
Cartão amarelo: Guerrón, Araújo, Calle, Cevallos, Maurício, Luiz Alberto e Roger
LDU: Cevallos (5,5), Campos (6), Calle (5,5) e Araújo (6); Guerrón (6) (Suarez, 29 do 2º - 5), Manso (5,5), Urrutia (5,5), Vera (6), Bolaños (6) e Ambrosi (5) (Kaviedes, intervalo – 5,5); Bieler (5,5) (Delgado, 23 do 2º - 5). Treinador: Edgardo Bauza (5,5)
FLUMINENSE: Fernando Henrique (7), Gabriel (4,5), Thiago Silva (7), Luiz Alberto (5) e Júnior César (5); Ygor (5,5), Arouca (6), Maurício (5) (Cícero, intervalo – 5,5) e Thiago Neves (6) (Roger, 36 do 2º - sem nota); Leandro Amaral (4,5) (Conca, 29 do 2º - 5,5) e Washington (4,5). Treinador: Renato Portaluppi (5,5)

Comentários

Lique disse…
fluminense foi claramente ROUBADO naquele lance. mas o erro do juiz de não ter expulsado o goleiro foi tão grave quanto o erro do thiago neves de não ter dribaldo o mesmo. ele já tava vendido e o cara chutou a bola em cima dele.