Retrospectiva 2007: São Paulo

Houve um tempo em que o discurso de certos amantes do futebol no país era de que Vanderlei Luxemburgo não era um grande treinador; só ganhava porque tinha timaços nas mãos. Em 2003, um bom Cruzeiro virou um timaço que ganhou tudo e amassou seus adversários diretos no Brasileirão. Ali estava claro que estávamos diante de um craque (Alex) e de um grande técnico, que soube montar e explorar ao máximo o potencial de seus jogadores, a maioria bons, mas que viraram ótimos em suas mãos.

Algo parecido ocorreu com Muricy Ramalho neste ano. Depois de um começo de ano conturbado, em que perdeu Libertadores e Paulistão com um time faceirinho demais (e eu cansei de dizer isso aqui), Muricy reagrupou suas peças aos poucos. Richarlyson foi trazido da ala esquerda para ser aquele volante moderno que tanto Luxemburgo defendeu; Hernanes, de meia irresponsável, virou um segundo homem marcador e ao mesmo voluptuoso ao atacar. Ninguém sentiu falta dos campeões da Copa América Josué e Mineiro. O time ganhou consistência atrás mesmo com jogadores agudos (caso de Leandro na ala direita em boa parte da competição) do meio para frente.

Claro que a segurança defensiva, marca maior deste campeoníssimo São Paulo, tem a ver com a qualidade de seus zagueiros, comandados pelo eterno Rogério Ceni. Ninguém dispõe da grande revelação Breno e dos selecionáveis Miranda e Alex Silva, além do reserva de luxo André Dias no país. Na frente, há excesso de ótimos atacantes, como Aloísio, Borges e Dagoberto. Mesmo assim, muitos treinadores que se atrapalham com abundaância de opções qualificadas. Muricy não; sempre teve o grupo na mão. Eu, que sempre fui um crítico dele, o considero ainda hoje muitas vezes teimoso, fui obrigado a rever algumas posições. Este tipo de trabalho somente os grandes profissionais são capazes de conseguir.

E, se Muricy conseguir encaixar o Imperador Adriano neste time quase perfeito, sugando dele o melhor que ele pode oferecer, se preparem para mais um ano em vermelho, preto e branco no Brasil.

NÚMEROS DA CAMPANHA
Desempenho: 77 pontos; 38 jogos; 23 vitórias; 7 empates; 8 derrotas; 55 golos marcados; 19 golos sofridos; 67,5% de aproveitamento
Em casa: 42 pontos (73,7%) - melhor campanha da Série A
Fora: 35 pontos (61,4%) - melhor campanha da Série A
Destaques: Breno (Z), Richarlyson (V) e Hernanes (V)
Decepção: Souza (M)
Artilheiros: Borges, Dagoberto e Rogério Ceni, 7 golos
Média de público: 32.915 (2º)
Posição rodada a rodada:
5ª rodada: 9º; 10ª rodada: 3º; 15ª rodada: 2º; 20ª rodada: 1º; 25ª rodada: 1º; 30ª rodada: 1º; 35ª rodada: 1º; Final:
Melhor atuação: São Paulo 2 x Santos 1 (26ª rodada)
Pior atuação: São Paulo 0 x Fluminense 1 (12ª rodada)
Turno: 40 pontos, 1º colocado
Returno: 37 pontos; 1º colocado
Prognóstico Carta na Manga (11/05/2007): candidato ao título
2008: bicampeão, classificado à Libertadores e à Sul-Americana

Comentários

luís felipe disse…
Muricy é um baita treinador por um motivo apenas: ele é extremamente coerente. Todo mundo sabe que o time dele vai jogar com atletas fortes na defesa, velozes no meio campo e que saibam chutar no ataque. Dane-se o resto.

O que faltava no São Paulo era um cabeça de área, ou alguém que fizesse a função de espanar a bola na frente dela. Perderam para o Grêmio por causa disso: na hora H, quando era necessário chutar tudo para cima, ficaram dando toquinhos pro lado a vinte metros da baliza. Assim não dá para ganhar de ninguém. Hernanes e Richarlyson foram exatamente o que o SPFC precisava: jogadores pragmáticos na defesa e inteligentes no ataque.

Além do mais, Breno realizou com primor a função de espanador que Edinho nunca soube fazer nos tempos dele, aqui no Inter.

Muricy, para mim, é o melhor treinador do Brasil. Não tem o nome e o marketing de Luxemburgo, mas é muito mais eficiente. Tem treze anos de carreira. Há sete anos, levanta um caneco por temporada.

Só poderia ser um pouco menos prepotente...
Anônimo disse…
E bem humorado também. Ou, pelo menos falar menos futEbol. kdfshddfsdfs