Tranqüilidade e três pontos

Mano Menezes inovou até mais do que se pensava. Escalou o Grêmio num esquema híbrido, incialmente um 3-5-2, que se transformava em 4-4-2 quando o time tinha a bola. O resultado foi uma superioridade tática e técnica e uma vitória tranqüila contra um instável Paraná.

A escalação foi surpreendente, até certo ponto. Na defesa, Léo pelo lado direito, William de líbero e Hidalgo como zagueiro pela esquerda. No meio, Bustos era o ala direito e Anderson Pico o esquerdo. Quando um atacava, o outro virava lateral. Quando Pico subia, Hidalgo era sua "bengala". Isto propiciou maior cobertura e segurança defensiva ao ala canhoto e ainda liberou mais Bustos para avançar. Era justamente isso, aliás, que poderia justificar a contratação do peruano. Já o colombiano esteve sempre protegido por Léo, Eduardo Costa e Sandro.

Assim, Diego Souza não ficava sozinho na criação, e Carlos Eduardo infernizou os zagueiros paranistas. O esquema encaixou perfeitamente porque os alas foram alas, compuseram o meio, e o resultado foram várias situações criadas na etapa inicial, num 2 a 0 que até ficou barato.

O segundo tempo não foi de tanta volúpia, nem precisava. O Grêmio administrou a vantagem com serenidade e jamais teve sua vitória ameaçada. A expulsão de Diego Souza pareceu exagerada, ainda preciso rever o lance, mesmo que a impressão inicial tenha sido de simulação mesmo. Apesar disso, o cartão para Carlos Eduardo foi sem sentido, e aquelas faltinhas seqüenciais que tanto reclama Mano (com razão, diga-se) ocorreram de novo hoje.

No Paraná, a dependência de Josiel é constrangedora. Tendo o Grêmio marcado Vinícius Pacheco, a bola nunca chegou em mínimas condições de conclusão para o centroavante. O goleiro Flávio, apesar de ser ruim, foi muito bem hoje, evitando uma goleada.

Não chegou a ser brilhante, mas talvez tenha sido a segunda melhor atuação do tricolor no Brasileiro, só abaixo do Gre-Nal. Dos estreantes como titular, Marcel foi presente, ainda que tenha perdido mais golos do que se recomenda para um centroavante. Para um primeiro jogo, ficou de bom tamanho. Hidalgo, apesar de uma escorregada, teve atuação razoável e sem problemas.

Mano Menezes, como era de se supor, aproveitou bem a semana, reagrupou e remobilizou o time e a torcida (23 mil na chuva e às 18:10) e venceu uma partida que prometia complicações com naturalidade. O Grêmio volta ao páreo. Só não pode bobear e perder pontos fáceis. Se for sempre como hoje, a Libertadores é palpável.

Campeonato Brasileiro 2007 - 20ª rodada
18/agosto/2007
GRÊMIO 2 x PARANÁ 0
Local: Olímpico Monumental, Porto Alegre (RS)
Árbitro: Antônio Hora Filho (SE)
Público: 22.663
Golos: Diego Souza 27 e Anderson Pico 37 do 1º
Cartão amarelo: Diego Souza, Carlos Eduardo e Tuta
Expulsão: Diego Souza 36 do 2º
GRÊMIO: Marcelo Grohe (5,5), Léo (5,5), William (6) e Hidalgo (5,5); Bustos (5,5) (Gavilán, 46 do 2º - sem nota), Eduardo Costa (6,5), Sandro (6), Diego Souza (6,5) e Anderson Pico (7); Carlos Eduardo (7) (Patrício, 41 do 2º - sem nota) e Marcel (5,5) (Tuta, 28 do 2º - 5). Treinador: Mano Menezes (7)
PARANÁ: Flávio (7), Neguete (4,5) (Everton, intervalo - 5,5), Nem (5,5) e Luiz Henrique (4,5) (Toninho, 15 do 2º - 5); Alex (4), Adriano (5), Beto (5), Vinícius Pacheco (4,5) e Márcio Careca (4,5) (Paulo Rodrigues, intervalo - 5); Vandinho (5) e Josiel (5). Treinador: Gílson Kleina (4,5)

Foto: Daniel Boucinha/Futura Press

Comentários

Anônimo disse…
De volta ao pago, depois de uma semana de labuta, digo que como de hábito não pude acompanhar o jogo - soube do placar em pleno Palácio dos Festivais em Gramado/RS, graças à informação gentilmente cedida por um técnico de som da TVCOM. Mas fico contente, pois aparentemente o time jogou bem - e tive a chance de comemorar uma vitória tricolor logo antes da premiação de Gramado, o que posso alegremente somar ao meu currículo. Abraço, e em breve nos vemos!
Anônimo disse…
Tchê, já falei que tu tem que escrever um livro contando essas histórias. Não sei como tu consegue sobreviver a esse tipo de coisa. Imagina na Libertadores, como não deve ter sido...
Anônimo disse…
não sei do que tanto reclamam, considero 6 e 10 um horário bom de ir ao jogo. de volta pra casa 8 e meia, se ocupa um horário meio MORTO do sábado ou domingo. melhor do que ocupar a tarde inteira em função de qualquer joguinho meia boca. 4 da tarde, só clássicos. quanto ao time, QUE MELHORADA. técnico bom é isso aí.
Anônimo disse…
Quando eu vejo na tabela que o jogo é 18:10 eu penso "puta merda, porque não às 16:00?". O frio de inverno é a primeira coisa que penso. Aí, me lembro dos jogos do meio de semana de noite e me dou conta que realmente não há motivos para odiar este horário. Inadmissível é 21:45.